
Especialistas Defendem Rápida Adopção” da Literacia Digital e IA • Diário Económico
“As tendências Futuras no Sector Fintech. Blockchain, Moedas digitais, IA generativa, ML” foi o tema da abertura da 6.ª edição da Semana das Fintechs, que decorreu esta segunda-feria (17), com vista a discutir as tendências e desafios da interseção entre a tecnologia financeira e Inteligência Artificial (IA).
Na sessão de abertura, o professor Luís Olumuene, do Instituto Superior dos Transportes e Comunicações (ISUTC), revelou que a IA tem vindo a ganhar espaço no mercado financeiro e que há uma necessidade de adoptar urgentemente a literacia digital, e particularmente na área da IA.a d v e r t i s e m e n t
Segundo Olumuene, Moçambique precisa investir na formação académica em IA, começando pelas universidades e estendendo-se até as escolas primárias. “A IA está a transformar os sectores económicos globais, e precisamos definir uma estratégia nacional para acompanhar essa evolução”, afirmou.
Entre os desafios destacados, estão a privacidade e segurança cibernética, que podem ser tanto reforçadas quanto ameaçadas pela IA. A falta de regulamentação também foi mencionada como um entrave global: “Estamos 70 anos atrasados para regular a IA”, ressaltou Olumuene.
Sofie Blaskstad, da HiveOnline um programa baseado em blockchain para facilitar a inclusão financeira de agricultores moçambicanos, partilhou a sua experiência, destacando que o baixo conhecimento da área digital tem dificultando o processo de transição para o uso da moeda digital, ressaltando que a adopção da tecnologia ainda é um grande desafio devido a essa questão.
“Ainda estamos a usar a IA de uma forma muito limitada, principalmente para serviços de gestão de activos digitais, especialmente na previsão de preços com base nos dados disponíveis. O continente africano tem um grande potencial para adoptar novas soluções, mas enfrenta desafios devido à falta de infra-estrutura e apoio institucional. É fundamental que inovadores como nós colaborem com o Banco Central para facilitar a adopção desses sistemas.”
Raimundo Chitava, da Krypton, destacou que a implementação de moedas digitais no País ainda enfrenta barreiras culturais e regulatórias. Segundo Chitava, muitas pessoas ainda associam as moedas digitais a fraudes e pirâmides financeiras, mas iniciativas como testes de pagamento em cantinas universitárias no ISUTC, ajudam a mudar essa percepção. Também destacou a interoperabilidade do blockchain com plataformas como o YouTube e os benefícios dos contratos inteligentes para transacções seguras e transparentes.
Por sua vez, Odelmiro Baloi, da BlueString, empresa que trabalha com soluções de identidade digital, segurança cibernética, falou da necessidade da criação de soluções eficazes para garantir a segurança em serviços financeiros, especialmente no sector de empréstimos.
“Actualmente, com o crescimento das deepfakes, torna-se essencial criar soluções que garantam a protecção de dados, por isso utilizamos informações biométricas e aplicamos a IA na verificação de identidade, análise de riscos, mitigação de fraudes e avaliação do comportamento dos clientes. A cibersegurança é um factor essencial nesse processo. Precisamos desenvolver soluções que protejam os usuários e promovam um ambiente digital seguro. Caso contrário, corremos o risco de minar a transformação digital, levando as pessoas a recuar e a preferir os modelos tradicionais.”
Os especialistas concordam que Moçambique precisa intensificar os debates sobre a IA e fintechs para garantir uma adaptação eficaz às novas tendências globais. O crescimento da digitalização no País abre oportunidades, mas também exige esforços conjuntos entre o Governo, universidades e sector privado para garantir a massificação da literacia digital e financeira.
A 6.ª edição da semana das fintech, organizada pela Associação das Fintechs em Moçambique, irá decorrer até quinta-feira, dia 20 de Março.
Consulte o programa completo do evento.
Texto: Ana Mangana