
Como o Projecto Mozambique LNG Está a Apostar na Biodiversidade • Diário Económico
A biodiversidade é hoje uma componente fundamental do desenvolvimento sustentável. Governos, organizações da sociedade civil e academia têm investido saberes e recursos na preservação e fomento da biodiversidade. Mas não só. Cada vez mais, o sector privado tem também mobilizado recursos para a biodiversidade, procurando, muitas vezes, resolver a tensão entre desenvolvimento dos seus projectos e manutenção do equilíbrio ecológico.
Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, com a sua enorme costa e os grandes projectos de gás em curso ou que se anunciam, está no radar de Moçambique e quiçá do mundo em matéria de biodiversidade.
O projecto Mozambique LNG, em força maior desde 2021, parece estar a desdobrar-se em múltiplas iniciativas que visam alinhar a futura exploração de gás natural com a conservação dos ecossistemas locais mediante acções concretas no terreno, em parceria com comunidades e instituições locais.a d v e r t i s e m e n t
Numa entrevista recente, Martha Silva, gestora Ambiental da TotalEnergies, sublinha que a preservação ambiental foi, desde o início, um compromisso estratégico do projecto. “Estamos comprometidos com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, nomeadamente com o ODS 15, que visa proteger, restaurar e promover os ecossistemas terrestres. Cabo Delgado tem um ecossistema riquíssimo e diversificado, e era essencial que contribuíssemos activamente para a sua preservação e regeneração”, afirmou.
Restauro de Mangais em Palma: mais de 11 milhões de mudas plantadas
Segundo Martha Silva, uma das iniciativas emblemáticas é o projecto de restauro de mangais no distrito de Palma, desenvolvido em parceria com a Associação Éden Reforestation. Desde 2022, já foram restaurados cerca de 1300 hectares, com o plantio de mais de 11 milhões de mudas. Este esforço não só favorece a biodiversidade marinha e a protecção costeira, como também criou cerca de 300 empregos locais, número que deverá crescer com a expansão desta iniciativa.
“Estamos comprometidos com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, nomeadamente com o ODS 15, que visa proteger, restaurar e promover os ecossistemas terrestres. Cabo Delgado tem um ecossistema riquíssimo e diversificado, e era essencial que contribuíssemos activamente para a sua preservação e regeneração”
O projecto Mozambique LNG está alinhado com as metas do Plano de Acção para a Gestão do Mangal em Moçambique (2021-2030). Além da componente ambiental, os projectos de reflorestação têm um impacto económico significativo. A recuperação dos mangais cria condições mais favoráveis para a reprodução de espécies marinhas essenciais para a pesca, aumentando o rendimento das comunidades até 30%.
Recifes de coral e pesca sustentável
Na Baía de Pemba, o programa concentra-se na recuperação dos recifes de coral, em colaboração com a Universidade Lúrio. Após a destruição provocada pelo ciclone Kenneth em 2019, já foram recuperados 400 dos mil metros quadrados de recife previstos. O projecto inclui também a formação de mais de 30 estudantes em técnicas de mergulho e monitorização de corais.
A promoção da pesca sustentável é outro eixo central, com mais de 500 pescadores de Pemba, Palma e Mocímboa da Praia capacitados em técnicas que preservam os recursos pesqueiros sem comprometer a produtividade.
Viveiro florestal: biodiversidade nativa e segurança alimentar
Mais no interior, em Senga, destaca-se o viveiro de espécies florestais nativas e fruteiras, com capacidade para 75 mil plantas. Já foram produzidas e distribuídas mais de 200 mil mudas, contribuindo para o reflorestamento, conservação da biodiversidade e reforço da agricultura familiar.
O projecto Mozambique LNG está alinhado com as metas do Plano de Acção para a Gestão do Mangal em Moçambique (2021-2030). Além da componente ambiental, os projectos de reflorestação têm um impacto económico significativo. A recuperação dos mangais cria condições mais favoráveis para a reprodução de espécies marinhas essenciais para a pesca, aumentando o rendimento das comunidades até 30%
Entre as espécies nativas, destaca-se a Berlinia orientalis, espécie autóctone do Norte de Moçambique e Sul da Tanzânia. Entre as fruteiras cultivadas, incluem-se abacateiras, mangueiras, laranjeiras, ananaseiros e tangerineiras que são parte integrante da dieta alimentar e do rendimento das comunidades locais.
Segundo Martha Silva, este compromisso ambiental do projecto Mozambique LNG pretende reforçar o papel do projecto como parceiro fundamental do desenvolvimento sustentável das localidades adjacentes à área de implementação do projecto, promovendo soluções que minimizam o impacto das operações e contribuem para conciliar crescimento económico, protecção ambiental e inclusão social em Cabo Delgado.