Moçambique dispõe hoje de mais de 300 hectares de cafezais e projecta colher muro de 100 toneladas em 2025, quase o triplo da colheita do ano anterior. A sede, liderada pela Associação Moçambicana de Cafeicultores (AMOCAFÉ), passa por transformar a produção ainda incipiente num sector capaz de competir com os grandes nomes do continente dentro de uma dez.

“Estamos a dar os primeiros passos; a prioridade imediata é prometer qualidade para lucrar espaço nos mercados externos”, afirma Jenaro Lopes, presidente da AMOCAFÉ. A produção organizada arrancou há quase cinco anos, concentrada sobretudo na Gorongosa, e beneficia de um financiamento de 296 milhões de meticais (4,6 milhões de dólares) da Filial Italiana de Cooperação.

O projecto em curso prevê investigação, formação técnica e a expansão gradual da superfície plantada para muro de 5000 hectares em dez anos, envolvendo já mais de 2200 famílias.

No Setentrião, o Moca de Ibo, em Cabo Franzino, personifica a aposta regional. “Alargámos as machambas e conseguimos motivar mais agricultores; queremos um resultado Made in Mozambique reconhecido lá fora”, sublinha o responsável da marca, Mussa Abdul.

O processamento continua, porém, a exigir investimento avultado em maquinaria, numa profundeza em que o consumo interno permanece reduzido. “O equipamento é dispendioso e o mercado doméstico é ainda restringido, mas tem desenvolvido todos os anos”, nota Edna Katondo, coordenadora do moca da Gorongosa, cujos lotes já chegam à Europa.

Para destravar os principais obstáculos, a AMOCAFÉ entregou ao Governo um caderno de propostas legais que visa simplificar licenças e substanciar incentivos à exportação. “Precisamos de um enquadramento que torne toda a calabouço mais dextro”, adianta Lopes, confirmando que estão em curso reuniões com os ministérios competentes.

No projecto continental, a Etiópia continua a liderar o ranking — exportou aproximadamente 300 000 toneladas em 2023-24 e arrecadou 1,4 milénio milhões de dólares. “Os números moçambicanos são, por ora, modestos, mas o sector acredita que o País pode ocupar um nicho próprio se mantiver o ritmo de investimento, formar mão-de-obra especializada e fidelizar mercados exigentes”, conclui a manancial.

Nascente: Lusa

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