Cidadãos Protestam Enquanto Deputados Tomam Posse • Diário Económico

a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Agitação social, barricadas e pneus a arder, com a polícia a realizar disparos para dispersar manifestantes, voltaram esta manhã a algumas zonas de Maputo, ao mesmo tempo que no Parlamento eram empossados os deputados eleitos à décima legislatura, informou esta segunda-feira, 13 de Janeiro, a agência Lusa.

O órgão conta que no mercado do Xiquelene, a polícia realizou vários disparos e lançou gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes que, pacificamente, embora com barricadas na estrada, contestavam a tomada de posse que decorria em simultâneo na Assembleia da República, boicotada pelos deputados da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que não reconhecem os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de Outubro.

“Todo o mundo aqui saiu com o intuito de vir vender e não fazer manifestação, mas o que acontece é que a polícia da UIR (Unidade de Intervenção Rápida) chegou e começou a disparar. Levou alguns jovens, meteu-os dentro do carro e começou a bater. A nossa pergunta é: O que é que nós fizemos hoje?”, questiona Glória Langa, vendedora naquele mercado.

Pouco depois, com alguns populares que tentavam imobilizar as poucas viaturas que circulavam, elementos da UIR, numa viatura blindada, voltavam a fazer vários disparos de gás lacrimogéneo.

“Manifestar de forma pacífica. É o que nós estamos a fazer aqui, não há nenhuma barricada ou confusão, mas estamos a ouvir tiros. Que mal fizemos nós?”, acrescenta Glória, retorquindo: “O que querem de nós? É matar-nos? Então que nos matem a todos, para poderem governar”.

Enquanto alguns populares apresentam vários invólucros de munições de metralhadora disparadas minutos antes, Carlos Milagre queixa-se de ter sido carregado e agredido pela polícia, embora afirme que estava apenas no passeio do mercado. “Chegaram ali, meteram-me à força no carro, bateram-me a dizer que fechei a estrada, sendo que eu não estive lá”, garante, perante a fúria popular contra o blindado da UIR que ia fazendo disparos de gás lacrimogéneo para dispersar pequenos grupos.

A cerca de dois quilómetros do Parlamento, a Avenida Acordos de Lusaka foi tomada por pneus em chamas, enquanto a polícia tentava, sem sucesso, desmobilizar os manifestantes, que ainda viravam contentores do lixo para travar a circulação automóvel, juntamente com pedras, vidros e paus.

“O protesto que estamos a fazer é pelo melhor do nosso país. Já há 50 anos que a Frelimo está a governar e não muda nada”, queixa-se Abdul Carvalho, lamentando que pouco se fala das vítimas destas manifestações. Segundo organizações no terreno, quase 300 mortos e mais de 600 pessoas foram atingidas a tiro desde 21 de Outubro.

“Conheço três pessoas. Trata-se de alguns vizinhos”, afirma, enquanto os pneus em chamas levavam um espesso fumo negro a toda a avenida, apesar da chuva que ia caindo.

“Porque estão a matar?”, questionava ainda Abdul, garantindo: “O povo está cansado, é isso que nós queremos mudar.”

“Acredito que isto vai piorar (…) Não são as armas que muda mum País, é o povo”, diz ainda.

A Assembleia da República empossou esta segunda-feira os deputados eleitos à décima legislatura, mas dois dos partidos, a Renamo, com 28 deputados, e o MDM, com oito, cumpriram com o que anunciaram e boicotaram a cerimónia, contestando o processo eleitoral, no dia em que estão convocados novos protestos no País.

Os 250 deputados foram convocados para tomar posse hoje, às 10h00 locais, na sede do Parlamento, em Maputo, numa cerimónia solene que foi dirigida pelo Presidente da República cessante, Filipe Nyusi.

Além da Frelimo, tomaram posse 39 dos 43 deputados do partido Povo Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, passando a ser o maior da oposição.

Fonte do partido confirmou à Lusa que os quatro deputados da formação política que faltaram à tomada de posse vão “regularizar a situação nos próximos dias.”

Venâncio Mondlane apelou no sábado passado a três dias de paralisação em Moçambique a partir desta segunda-feira, 13 de Janeiro, e a “manifestações pacíficas” durante a posse dos deputados ao Parlamento e do novo Presidente da República, contestando o processo eleitoral.

Partilhe o seu amor
SabeBusiness
SabeBusiness

A SabeBusiness é uma plataforma inovadora dedicada a conectar, impulsionar e transformar negócios em todos os setores da economia. Criada com a missão de fortalecer o ecossistema empresarial, a SabeBusiness oferece um ambiente digital estratégico onde empreendedores, empresas, profissionais e organizações podem expandir suas redes, promover seus serviços e explorar novas oportunidades de mercado.

Artigos: 8108

Newsletter informativa

Insira o seu email abaixo para subscrever a nossa newsletter

Leave a Reply