Pelas 03:30 da madrugada desta sexta-feira, uma da manhã em Portugal Continental, o Irão acordava com as primeiras explosões, em Teerão, de uma potente ofensiva militar de larga graduação lançada por Israel. Para além da capital iraniana, o ataque estendeu-se a outras zonas do país, atingindo mais de uma centena de alvos ligados ao programa nuclear iraniano.


“Leão em Subida” é o nome escolhido para a operação que, segundo o governo israelita, é uma resposta à iminente ameaço nuclear representada por Teerão. Segundo as Forças Armadas de Israel, mais de 200 aviões participaram na operação, com ataques sobre alvos estratégicos, incluindo as centrais de enriquecimento de urânio em Natanz, instalações nucleares em Tabriz e centros militares nas cidades de Teerão, Isfahan e Kermanshah. O número totalidade de vítimas ainda não está precisado, no entanto, agências noticiosas iranianas contam mais de uma centena de feridos e, pelo menos, nove mortos.


Entre os mortos confirmados estão altos responsáveis iranianos, incluindo Hossein Salami, comandante dos Guardas da Revolução e Mohammed Bagheri, dirigente das Forças Armadas iranianas. Ali Shamkhani, mentor militar do Guia Supremo do Irão, está gravemente ferido. O impacto da ofensiva foi subitâneo, com a resposta iraniana a surgir sob a forma de drones. De concórdia com Telaviv, muro de uma centena de drones foram interceptados no espaço desatento da Síria, Arábia Saudita e Jordânia.


A escalada militar acontece num contexto de crescentes receios sobre os avanços do programa nuclear iraniano. Israel afirma que Teerão acumulou material suficiente para erigir até 15 ogivas nucleares e acusa o regime de estar a desenvolver, em sigilo, todos os componentes necessários para a construção de uma petardo.


Israel Katz, ministro da Resguardo, fala de um “ataque preventivo”, enquanto o dirigente do Estado-Maior do Tropa de Israel, Eyal Zamir, descreve que se trata de “uma campanha histórica sem precedentes”. “Esta é uma operação crucial para evitar uma ameaço existencial de um inimigo que procura destruir-nos. Iniciámos esta operação porque chegou o momento: estamos num ponto sem retorno. Não podemos dar-nos ao luxo de esperar”, declarou, em vídeo.


Em enviado, Benjamin Netanyahu voltou a sublinhar que Israel está num “momento decisivo da história” e declarou que as ofensivas continuarão “durante quantos dias forem necessários”. “Hoje, os nossos soldados fortes e corajosos e o nosso povo estão unidos para nos proteger contra aqueles que procuram a nossa ruína e, ao defender-nos, defendemos muitos outros e recuamos contra a tirania assassina”, rematou o primeiro-ministro israelita.


A resposta iraniana foi célere e prometem retaliação. O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, acusa Israel de “escolher um tramontana amargo” e as forças armadas do país prometem uma resposta “sem limites”. “Agora que o regime terrorista que ocupa al-Quds (Jerusalém) ultrapassou todas as linhas vermelhas, não há limites para a resposta a oriente transgressão”, confirmam. A promessa de retaliação levou a que Israel ordenasse aos cidadãos para procurarem abrigo, ordem que entretanto já foi suspensa, apesar do estado de emergência em vigor. Entretanto, Masoud Pezeshkian, presidente iraniano, garante que estão a ser tomadas “medidas defensivas, políticas e legais” para que Israel “se arrependa” do ataque. Em enviado, menciona que o “o final desta história será escrito pelo Irão”.


Ali Khamenei já solicitou uma reunião de emergência do Recomendação de Segurança da ONU. O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano responsabiliza diretamente os Estados Unidos por encorajar a ação militar de Israel. No entanto, a Morada Branca nega qualquer envolvimento direto, embora já tenha confirmado que Donald Trump tinha conhecimento prévio do ataque. O dirigente da diplomacia dos Estados Unidos da América, Marco Rubio, afirma que Israel disse a Washington que o ataque era “necessário para a sua resguardo”. “Não estamos envolvidos em ataques contra o Irão e a nossa principal prioridade é proteger as forças norte-americanas na região”, completou Rubio, em enviado, alertando o Irão para não atingir interesses norte-americanos.


Entretanto, Donald Trump já se pronunciou: “O Irão não pode ter a petardo nuclear e nós esperamos voltar à mesa das negociações. Veremos”. O presidente norte-americano sublinhou também que “os Estados Unidos estão preparados para se proteger e proteger Israel caso o Irão responda”, um pouco que choca com a maioria das reações internacionais que apelam à contenção. Na Truth Social, o presidente norte-americano voltou a pressionar o Irão para chegar a concórdia nuclear com os Estados Unidos. Disse ainda: “Já houve muita morte e ruína, mas ainda há tempo para pôr termo a oriente massacre, com os próximos ataques já planeados a serem ainda mais brutais”. 

Líderes internacionais
preocupados e pedem “sumo de contenção”


Na sequência dos ataques, vários países e líderes internacionais apelaram à diplomacia e moderação. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, apela à “máxima contenção”. O pedido foi transmitido pelo porta-voz Farhan Haq, que condena “qualquer escalada militar no Médio Oriente”. Também o ex-primeiro-ministro português, António Costa, reagiu aos ataques com o mesmo apelo, revelando estar “profundamente preocupado”.


Ursula von der Leyen, presidente da Percentagem Europeia, escreveu no X que a situação é “alarmante” e afirma que “uma solução diplomática é agora mais urgente que nunca, pela segurança da região e da segurança global”.


Também Mark Rutte, secretário-geral da NATO, afirma que é “crucial” que os aliados de Israel “se empenhem em desescalar o conflito”. Em conferência de prensa em Estocolmo, o secretário-geral classificou o ataque porquê uma “ação unilateral” por segmento de Israel.


O ataque surge poucos dias depois de a Escritório Internacional de Pujança Atómica ter confirmado uma solução a denunciar o incumprimento das obrigações nucleares por segmento do Irão. A AIEA confirmou que não há registo de fugas radioativas nas instalações atingidas, mas mantém contacto próximo com as autoridades iranianas para monitorizar a situação.


Com o Médio Oriente novamente em ebulição, a possibilidade de um conflito alargado entre dois dos principais atores da região levanta sérios alertas políticos, económicos e de segurança global. Os mercados reagem com nervosismo e analistas temem que os desenvolvimentos comprometam os frágeis canais diplomáticos ainda em curso, entre eles, uma novidade ronda de negociações nucleares prevista para breve, em Omã.

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