Henrique Gouveia e Melo diz ser um moderado que é contra a eutanásia e que não vai procurar apoios oficiais de partidos, mantendo a sua campanha independente. Disse ainda que não teria dissolvido a Parlamento uma vez que Marcelo fez e teria oferecido posse a Mário Centeno e anunciou a sua primeira medida enquanto Presidente da República: falar menos (mas garante que não é uma farpa a Marcelo Rebelo de Sousa).


Na primeira grande entrevista desde que anunciou que é candidato à Presidência da República, Henrique Gouveia e Melo explicou que decidiu candidatar-se na temporada final do ano pretérito.


Apesar de ter dito, em 2021, que nunca iria procurar um incumbência político, refere que unicamente disse isso na fundura porque queria “distanciar a política do processo de vacinação” em curso. Mas o facto de o “mundo ter mudado muito” e de ter sentido uma perda da “credibilidade das instituições” fez com que reconsiderasse essa possibilidade.


“Senti um apelo crescente da população para que me candidatasse” e quando se apercebeu que Donald Trump ia ser eleito, decidiu também ele candidatar-se, já que sentiu que essa eleição e outras semelhantes criam uma “situação preocupante”.


Sobre quem o vai estribar, Gouveia e Melo esclareceu que “não aceita – em princípio – que partidos políticos” o apoiem, mas que vai procurar o voto de todos os cidadãos. Disse ainda que não negaria o voto de André Ventura, apesar de não o querer na sua comitiva, ao contrário de Rui Rio. “O Rui Rio não é o André Ventura, não está na política ativa de momento – situou-se ao meio e tenho grande afinidade” com o ex-líder social democrata, afirmou. Já Ventura “situa-se num outro extremo do espectro político” com o qual diz não ter afinidade, sublinhando que “se o povo escolher e tiver condições para o governar” dar-lhe ia posse uma vez que primeiro-ministro.


Descrevendo-se uma vez que um “moderado por natureza”, assegurou que seria menos disciplinador enquanto Presidente da República do que enquanto Almirante, sublinhando que continua a confiar ter tomado a decisão certa ao reprimir os militares do NRP Mondego, mesmo posteriormente uma decisão negativa pelo Supremo Tribunal Administrativo. Mas não nega vir a dissolver a Parlamento da República em casos em que um Governo não cumpra as promessas.


“A Constituição fala das diversas condições. Temos um problema das democracias modernas. É a introdução de alguma demagogia, de falta de conformidade entre o que se promete e o que se executa. Em situações muito graves, pode possuir um desfasamento fortíssimo entre o contrato que se faz entre governantes e governados e aquilo que se vai praticar na governação”, referiu, reforçando o que já tinha afirmado anteriormente e que foi amplamente questionado pelos especialistas.


Um dos temas abordados durante a entrevista foram os problemas da justiça. “O sigilo de justiça não existe e isso é negativo, quebra a presunção de inocência. São anos e anos em que se queimam as pessoas sem provas concretas”, lamentou Gouveia e Melo, acrescentando que não acredita que o ex-primeiro-ministro José Sócrates seja “um desses casos” de pessoas “queimadas” sem provas.


Gouveia e Melo disse ainda que a ser eleito gostaria de utilizar a magistratura de influência para mostrar aos “atores políticos” que a depravação “é um problema que afeta a própria credibilidade da política e que é preciso combatê-la”. Reconhecendo que os planos de depravação e a política governativa são do Governo, refere que aquilo que o “Presidente pode fazer é manter o foco no problema e colocar pressão no governo para que se encontrem soluções para esse problema”.


O candidato a Belém disse ainda que sendo eleito irá “publicar todas as leis que respeitem o processo constitucional”, esclarecendo que “o poder de veto só pode ser exercido em razões muito especiais”. Questionado sobre o que faria se tivesse de publicar a lei da eutanásia respondeu: “Eu sou pró-vida teria dificuldade em deixar passar uma lei que facilitasse o suicídio em vida”, mas disse que teria de determinar a constitucionalidade da lei e obedecer de concordância com isso. Já sobre o monstro posteriormente as 10 semanas, Gouveia e Melo diz que “é um tema resolvido na sociedade portuguesa” e que não deseja reabri-lo.


Sobre os ataques que tem sido escopo vindos do outro candidato presidencial (Marques Mendes), Gouveia e Melo responde: “Dá-me vontade de rir”. “Há uma certa teoria de espécie política que por um lado defende que o cidadão participe na democracia e na vida pública mas só quem fez um curso de política. Na democracia, a política está conseguível a qualquer cidadão”, refere Gouveia e Melo.


“A primeira medida que implementaria seria principiar a falar menos, e a falar só quando for necessário sobre coisas substantivas”, afirmou, recusando tratar-se de uma farpa a Marcelo.


Gouveia e Melo disse ainda que teria procedido de forma dissemelhante em 2023 quando Marcelo dissolveu a Parlamento da República posteriormente saída de António Costa e que tinha oferecido posse a Mário Centeno. “Partido tinha na AR maioria absoluta, podia formar novo Governo. Há quem diga que as pessoas votam num primeiro-ministro. Mas não é isso que está na Constituição”, referiu o ex-militar.

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