
“Falta de Combustíveis no País é Causada Pelo Défice de Moeda Estrangeira”, Alerta a Petromoc • Diário Económico
A escassez de combustíveis em algumas bombas de abastecimento do País tem vindo a preocupar os cidadãos, com postos de abastecimento de diesel e gasolina a registarem encerramentos pontuais nas últimas semanas. O fenómeno, segundo Hélder Chambisse, presidente do Conselho de Administração (PCA) da Petróleos de Moçambique (Petromoc), está a ser causado principalmente pela falta de moeda estrangeira no mercado nacional, um problema que tem comprometido a importação de combustíveis e, consequentemente, a distribuição para todo o País.
Em entrevista exclusiva ao programa Noite Informativa da Soico Televisão (STV), Chambisse explicou que, além da falta de moeda estrangeira, outros factores, como a não facilitação de créditos pelos bancos, têm dificultado o processo de importação e distribuição de combustíveis. “O mercado de distribuição de combustíveis tem várias nuances. Tal como outros importadores, também enfrentamos o desafio da disponibilidade de moeda estrangeira”, afirmou o responsável, acrescentando que o processo de emissão de garantias bancárias e pagamentos aos fornecedores tem-se tornado cada vez mais demorado, o que atrasa a chegada do produto ao País.
A situação é descrita pelo responsável como uma escassez que ultrapassa os limites normais de gestão. “Nos últimos meses, ou mesmo nos últimos dois anos, o desafio tem-se agravado. A emissão de garantias bancárias tornou-se mais lenta, o que compromete a importação de combustível, pois os produtos chegam ao País, mas ficam em suspenso até que os pagamentos sejam feitos”, explicou.
PCA da Petromoc diz que escassez de combustíveis deve-se ao défice de moeda estrangeira
Apesar desta situação, o PCA da Petromoc assegurou que a empresa tem capacidade suficiente para garantir o abastecimento do mercado. De acordo com a legislação, Moçambique deve manter um stock mínimo de 45 dias de combustíveis, uma meta que, segundo Chambisse, está sempre acautelada. O responsável garante também estar a investir em maior capacidade de armazenagem, especialmente em Maputo e na Beira (Sofala), para garantir que a operação do País e dos países vizinhos não seja afectada.
“Em Maputo, estamos na fase final de uma operação que aumentará a nossa capacidade de armazenagem em 160 mil metros cúbicos, o que é mais do que suficiente para as nossas necessidades e as dos países vizinhos”, afirmou. No entanto, alertou para a possibilidade de um eventual défice em Nacala (Nampula), uma cidade que serve principalmente para o consumo interno das zonas centro e norte do País.
Chambisse também reconheceu as fragilidades na cadeia de distribuição de combustíveis, especialmente em tempos de fortes chuvas e ciclones, como aconteceu recentemente em Palma, em Cabo Delgado. Para combater esses desafios, a Petromoc pretende aumentar os pontos de distribuição, incluindo mais depósitos intermédios, de forma a reduzir o uso de camiões e melhorar a logística de distribuição.