A situação de segurança no setentrião do País, mormente na província de Cabo Ténue, continua a ser classificada uma vez que “volátil e imprevisível”, segundo um relatório divulgado esta terça-feira, 3 de Junho, pelo Fundo das Nações Unidas para a Puerícia (Unicef).
A filial das Nações Unidas destaca que, no mês de Abril, registaram-se diversos incidentes protagonizados por grupos armados não estatais, incluindo bloqueios de estradas, raptos, confrontos com forças de segurança e pilhagens nos distritos de Ancuabe, Mocímboa da Praia, Macomia e Nangade.
A Unicef chamou privado atenção para o impacto destes conflitos nas crianças. Num ataque ocorrido a 11 de Maio na povoado de Magaia, província de Muidumbe, três raparigas com idades de 17, 14 e 12 anos foram assassinadas, enquanto outras oito crianças – seis raparigas e dois rapazes – foram raptadas. Estes acontecimentos evidenciam, segundo a organização, “os perigos que as crianças enfrentam em áreas afectadas por conflitos”.
A filial manifestou preocupação com o aumento de casos de rapto, recrutamento e utilização de crianças por grupos armados não estatais, prática que constitui uma “grave violação” dos direitos das crianças.
Desde Outubro de 2017, Cabo Ténue – província rica em recursos naturais, nomeadamente gás – tem sido palco de uma insurgência armada que já provocou milhares de mortos e originou uma crise humanitária com mais de um milhão de deslocados internos.
Em Abril, os ataques alastraram também à vizinha província do Niassa. Um dos episódios mais graves ocorreu na Suplente do Niassa e no Núcleo Ambiental de Mariri, no província de Mecula, onde grupos armados não estatais atacaram instalações, roubaram bens, destruíram acampamentos e uma aeroplano do parque. Estes actos resultaram na morte de, pelo menos, duas pessoas e levaram à movimento de mais de dois milénio indivíduos, dos quais 55% são crianças.
Os deslocados procuraram refúgio numa escola e em comunidades de protecção na sede do província de Mecula, sendo as necessidades mais urgentes identificadas pela Unicef a sustento, abrigo e artigos não alimentares.
Para além da violência armada, as províncias do setentrião de Moçambique enfrentam ainda os efeitos de fenómenos climáticos extremos e de um surto de ódio em curso. Neste contexto, a Unicef Moçambique lançou um apelo humanitário no valor de 64 milhões de dólares (4,1 milénio milhões de meticais), com o objectivo de prometer a perpetuidade de serviços essenciais sobre 2,5 milhões de crianças e famílias afectadas por múltiplas crises.
Moçambique continua a ser um dos Países mais severamente afectados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias, ciclones tropicais e períodos prolongados de seca severa. Entre Dezembro e Março, três ciclones atingiram o território pátrio, provocando a ruína de milhares de habitações e infra-estruturas, muito uma vez que a morte de tapume de 175 pessoas nas regiões setentrião e meio.a d v e r t i s e m e n t