Regulamentação e Segurança Apontados Como Obstáculos Para a Implementação Efectiva do OpenBanking • Diário Económico

A 6.ª edição da Semana das Fintech discutiu, no seu terceiro dia, que teve lugar esta quarta-feria (19), a evolução dos pagamentos digitais e o desenvolvimento do OpenBanking, reunindo especialistas do sector financeiro que partilharam as suas experiências no que diz respeito a esta temática em Moçambique e Angola.

Pedro Cancela de Abreu, representante da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), uma cooperativa detida por 20 bancos comerciais em Angola, e que tem como objectivo digitalizar os meios de pagamento no país, afirmou que desde a sua criação, em 2001, tem registado uma evolução na adopção dos serviços financeiros digitais, tendo criado cartões multicaixa e um sistema de transacções instantâneas, o Kwick, que teve muito sucesso particularmente em 2019, impulsionado pela covid-19.a d v e r t i s e m e n t

A interoperabilidade foi apontada como a base para a existência da EMIS, com a empresa a processar cerca de 2,3 mil milhões de dólares em transacções no último ano, num valor de 81 mil milhões de dólares.  

Em representação do Mozabanco, Mauro Litsure destacou que há ainda uma necessidade de consciencialização da sociedade no que diz respeito a conceitos como Open Banking e interoperabilidade, para que a sua implementação seja mais fácil.

“O OpenBanking é um conceito novo no nosso mercado. Em termos de aplicação, ainda estamos numa fase embrionária, mas pode trazer alguma democratização no que diz respeito ao acesso a serviços financeiros. Moçambique ainda mantém um forte uso do modelo de pagamento tradicional em dinheiro vivo (cash). No entanto, os serviços digitais precisam de demonstrar as suas vantagens sem criar barreiras para os utilizadores”, explicou.

A interoperabilidade foi apontada como a base para a existência da EMIS, com a empresa a processar cerca de 2,3 mil milhões de dólares em transações no último ano, num valor de 81 mil milhões de dólares

Litsure destacou que os serviços digitais devem enfatizar a sua imediaticidade e eficiência. Por exemplo, no sector empresarial, qualquer atraso no processamento de pagamentos pode impactar negativamente a cadeia produtiva. Assim, garantir que os pagamentos sejam reflectidos imediatamente é essencial para a adopção eficaz destes serviços.

O especialista acrescentou ainda que o sector de pagamentos digitais precisa de explorar novos modelos de negócios e oferecer soluções acessíveis e adequadas ao contexto moçambicano.“Já existem serviços financeiros digitais no mercado, mas ainda há espaço para inovação.” 

Para Moçambique, o OpenBanking representa uma oportunidade de reduzir a dependência do dinheiro físico e aumentar a segurança nas transacções. Segundo os especialistas, é essencial que os serviços digitais sejam acessíveis e adaptados à realidade local, considerando que muitos consumidores ainda utilizam o modelo de pagamento tradicional via USSD.

Elídio Matchebe, da PawaPay, enfatizou que as fintechs podem trazer mais dinamismo ao mercado financeiro, promovendo a competitividade e eliminando processos burocráticos. No entanto, ressaltou a necessidade de criação de leis claras para regular as actividades dessas empresas, garantindo um ambiente seguro e estável para a inovação.

“Trabalhamos com carteiras móveis em Moçambique e Angola e procuramos adaptar-nos à realidade de cada país. Com a interoperabilidade, pode-se garantir que os clientes não precisem de passar por processos burocráticos, proporcionando uma melhor experiência e dinamizando o negócio. É um tema interessante porque pode beneficiar todos, desde os bancos, fintechs, carteiras móveis, até aos clientes finais. Além disso, traria uma certa competitividade, pois obrigaria as empresas a acompanharem o avanço tecnológico.” 

Para Moçambique, o OpenBanking representa uma oportunidade de reduzir a dependência do dinheiro físico e aumentar a segurança nas transacções

Elídio Matchebe acrescentou ainda que a Inteligência Artificial (IA) pode contribuir significativamente para essa transformação. Com ela, é possível realizar análises preditivas, simular situações fraudulentas e medir o tempo de resposta a um possível ciberataque. “Há também a necessidade de uma maior conexão entre os provedores de serviços financeiros, pois tanto entidades governamentais quanto privadas podem beneficiar dessas soluções.” 

Por sua vez, Luís Mucave, do Mpesa, reforçou que o OpenBanking pode ser um motor importante para a inclusão financeira, desde que haja um esforço conjunto entre os bancos, fintechs e reguladores. Mucave apontou que Moçambique ainda está a explorar apenas uma pequena parte do potencial das soluções digitais, e que a educação financeira é um factor crítico para a expansão dessas tecnologias.

Inteligência Artificial e segurança cibernética

A segurança cibernética também foi tema de discussão, com destaque para o papel da Inteligência Artificial (IA) na prevenção de fraudes e crimes financeiros. Algoritmos avançados podem prever e combater ameaças digitais, aumentando a confiança do consumidor no uso das novas tecnologias.

Os especialistas concluíram que, para que os sistemas de pagamento digitais sejam amplamente aceites, é necessário um trabalho conjunto entre governos, bancos, fintechs e consumidores. A adaptação dos modelos de negócio e o fortalecimento da infra-estrutura digital serão essenciais para garantir a inclusão financeira e o sucesso das inovações no sector.

Texto: Ana Mangana

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