‘Posts’ a sugerir ataque russo com origem provável em Portugal

A hipótese é levantada por um grupo de investigadores do Medialab do ISCTE, num relatório divulgado hoje, em parceria com a Percentagem Vernáculo de Eleições (CNE), para monitorizar a desinformação durante a campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.

 

No relatório devotado ao golpe generalizado no aprovisionamento elétrico que, na semana passada, afetou Portugal e Espanha, os investigadores sublinham que “a exiguidade de informação institucional eficiente nas primeiras horas contribuiu para um vácuo informativo” a analisam uma das principais teorias veiculadas, que atribuíam o apagão a um ciberataque russo.

Esta narrativa começou a circunvalar nas redes sociais portuguesas por volta das 11:50, muro de 20 minutos em seguida o início do apagão, em publicações que reproduziam uma alegada notícia da CNN Internacional com declarações atribuídas à presidente da Percentagem Europeia, Ursula von der Leyen.

A origem da publicação é incerta, mas a estudo feita pelos investigadores do Medialab indica que a divulgação inicial poderá ter ocorrido em Portugal, com uma versão em português que depois serviu de base para outras traduções, incluindo em russo.

Pelas 13:55, começam também a surgir as primeiras reações ambíguas de ‘media’ russos, uma vez que o BFM, que misturavam elementos noticiados e rumores não verificados, com sugestões de ataque coordenado e sabotagem transnacional.

De negócio com o relatório, a informação era replicada no WhatsApp e em canais do Telegram associados a ambientes pró-russos, alcançando logo nas primeiras horas dezenas de milhares de visualizações.

Nos dias seguintes, grupos de ciberativistas pro-russos reivindicaram responsabilidade pelo suposto ataque, associando alegadas provas de ataques de negação de serviço distribuído.

“No entanto, especialistas em cibersegurança consultados descartaram qualquer relação com o apagão, sublinhando que estes grupos não possuem a capacidade operacional para originar falhas na infraestrutura elétrica”, refere o relatório, que acrescenta que estes grupos aproveitaram o apagão para tentar capitalizar-se mediaticamente.

Além desta, circularam outras teorias para tentar explicar o golpe energético, cuja origem ainda não é conhecida, e os investigadores referem até mensagens disseminadas que, por outro lado, apresentavam um ‘spin’ ideológico que favorecia a Rússia.

No Telegram, circularam publicações que insinuavam que o apagão seria um “teste de resiliência” promovido pela NATO, ou uma operação de engenharia social para justificar uma escalada militar futura.

Outra teoria associava a lapso energética às políticas ambientais de transição energética, ou às sanções contra a Rússia e à degradação da infraestrutura europeia, e o relatório cita algumas das mensagens partilhadas neste sentido, com indícios de tradução automática ou de terem sido criadas com recurso à lucidez sintético.

Ao longo daquela semana, a maioria das publicações relacionados com o apagão foram partilhadas no X (58,21%) e no Facebook (33,68%), seguindo-se o Instagram (6,03%), TikTok e Reddit (ambos 1,04%).

Além do motor de lucidez do X, com respostas a perguntas dos utilizadores a perguntas sobre as várias narrativas, as contas dos meios de informação foram aquelas que mais publicaram sobre os conteúdos desinformativos relacionados com o apagão, sobretudo para os desconstruir.

A esmagadora maioria das publicações (81%) feitas naquele período são consideradas neutras, mas aquelas que aparentam crer ou propagar essas narrativas são mais do duplo daquelas que as desmentem (12% contra 6%) e chegaram a muitas mais pessoas em confrontação com a verificação dos factos.

A Percentagem Vernáculo de Eleições (CNE) e o MediaLab, do ISCTE, em parceria com a sucursal Lusa, estão a monitorizar as redes sociais para identificar e medir o impacto da desinformação na campanha das legislativas de maio, prolongando-se até 24 de maio.

O Medialab produz semanalmente relatórios sobre o maravilha da desinformação.

Leia Também: Apagão? Informação do Governo contribuiu para desinformação

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