O Governo português, através da sua Embaixada localizada em Moçambique, manifestou preocupação pelo aumento de casos de raptos que envolvem cidadãos portugueses no País, pedindo colaboração na procura de soluções para travar a onda de criminalidade contra os empresários estrangeiros. “O provedor de Justiça, Isaque Chande, recebeu em audiência o embaixador de Portugal em Moçambique, Jorge Monteiro, com quem passou em revista vários assuntos de interesse comum, com destaque para os raptos e assassinatos de empresários portugueses em território moçambicano, uma situação que preocupa seriamente a representação diplomática e a comunidade portuguesa residente”, avança um comunicado citado pela Lusa. Segundo o documento, durante o encontro, o diplomata português afirmou que os raptos semeiam um clima de medo na comunidade portuguesa, contribuindo para a retracção dos negócios, com várias empresas a reduzirem ou cessarem as suas actividades em território moçambicano devido à insegurança. O embaixador solicitou a colaboração do provedor de justiça na busca de soluções que possam contribuir para travar a onda de criminalidade dirigida contra empresários estrangeiros, destacando que o investimento português tem desempenhado um papel relevante na dinamização da economia moçambicana, “razão pela qual é urgente restabelecer um ambiente de confiança e segurança.” Por sua vez, Isaque Chande expressou solidariedade e apoio aos cidadãos portugueses vítimas de raptos e violência, assegurando que a instituição que dirige tudo fará para contribuir para a promoção e defesa dos direitos, segurança e bem-estar de todos os cidadãos, incluindo os estrangeiros residentes em Moçambique. O provedor também mostrou abertura para reforçar os canais de comunicação entre a Embaixada de Portugal e a Provedoria de Justiça, de modo a garantir um acompanhamento mais “célere” das preocupações apresentadas pela comunidade portuguesa. Na passada terça-feira (7), um empresário luso-moçambicano foi raptado na baixa da cidade de Maputo, junto ao seu estabelecimento comercial, confirmou o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC). O crime ocorreu por volta das 6h00, na avenida Zedequias Manganhela, quando seis indivíduos fortemente armados, munidos de espingardas do tipo AKM e pistolas, interpelaram a vítima e obrigaram-na a entrar numa viatura sem matrícula. O grupo colocou-se em fuga de imediato, sem deixar rasto. Este é o primeiro caso de rapto tornado público no País desde meados de Junho, altura em que um cidadão de nacionalidade libanesa foi igualmente raptado na capital. Os raptos semeiam um clima de medo na comunidade portuguesa, contribuindo para a retracção dos negócios, com várias empresas a reduzirem ou cessarem as suas actividades em território moçambicano devido à insegurança De acordo com dados fornecidos pela Polícia da República de Moçambique, os casos de rapto em Maputo diminuíram significativamente nos primeiros cinco meses do ano, com quatro ocorrências face às oito registadas no mesmo período de 2024. Ainda assim, o fenómeno continua a preocupar o sector empresarial. Segundo informações divulgadas pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), nos últimos 12 anos cerca de 150 empresários foram vítimas de rapto no País, e mais de uma centena terá abandonado o território por razões de segurança. Em Abril último, a antiga procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, afirmou no Parlamento que muitos dos raptos ocorridos em Moçambique são planeados a partir do estrangeiro, com especial incidência na vizinha África do Sul. Até Março deste ano, o Ministério do Interior contabilizava 185 raptos registados desde 2011, tendo sido detidas 288 pessoas por suspeita de envolvimento neste tipo de crimes.

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