Uma equipa de cientistas do Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC), em Espanha, fez um avanço significativo na compreensão do processo de implantação do embrião, desenvolvendo uma plataforma inovadora que permite observar o fenómeno fora do útero em condições controladas. O estudo, publicado na revista Science Advances na sexta-feira (15 de Agosto), representa a primeira vez que a implantação de um embrião humano foi registada em tempo real e em três dimensões. Anteriormente, as informações sobre este procedimento eram limitadas a imagens estáticas capturadas em momentos isolados, sem a possibilidade de monitorização contínua. A nova tecnologia empregada pela equipa permite que imagens de fluorescência sejam capturadas ao longo do processo, oferecendo uma visão dinâmica das interacções entre o embrião e o seu ambiente. A plataforma foi desenvolvida utilizando um gel artificial composto por colagénio — uma substância abundante no tecido uterino — e várias proteínas essenciais para o desenvolvimento embrionário. “A plataforma permitiu-nos quantificar a dinâmica da implantação do embrião e determinar a mecânica das forças utilizadas neste processo complexo em tempo real”, explica Anna Seriola, co-autora principal do estudo, num comunicado As falhas na implantação do embrião são identificadas como uma das principais causas de infertilidade, sendo responsáveis ​​por cerca de 60% dos abortos espontâneos, conforme evidenciado pelo estudo. Os investigadores acreditam que as novas imagens obtidas podem contribuir para uma melhor compreensão deste método, resultando em melhorias nas taxas de fertilidade, na qualidade dos embriões e na eficiência dos procedimentos de fertilização in vitro. “O embrião abre caminho através dessa estrutura e começa a formar tecidos especializados que se conectam aos vasos sanguíneos da mãe para se alimentar”, Ojosnegros, líder do estudo Durante as suas observações, os cientistas notaram que os embriões humanos aplicam uma força de tracção ao ambiente que os rodeia, levando a uma remodelação do tecido uterino. “Observámos que os embriões humanos se enterram no útero, exercendo uma força considerável durante o processo. Essas forças são necessárias porque os embriões precisam de ser capazes de invadir o tecido uterino, integrando-se completamente nele”, explicou Samuel Ojosnegros, líder do estudo. Embora já se saiba que muitas mulheres sentem dores abdominais e sangramento durante a implantação, Samuel Ojosnegros destacou que as imagens obtidas revelam um processo surpreendentemente invasivo. Durante essa fase, o embrião liberta enzimas que degradam o tecido circundante, mas ainda é necessário aplicar força para penetrar nas camadas mais profundas do útero. “O embrião abre caminho através dessa estrutura e começa a formar tecidos especializados que se conectam aos vasos sanguíneos da mãe para se alimentar”, acrescentou Ojosnegros. Além disso, os investigadores observaram que o embrião puxa e reorganiza a matriz uterina ao seu redor, demonstrando também reacções a sinais de força externa. Fonte: Aventuras na História

Post a comment

Your email address will not be published.

Related Posts