No ambiente de trabalho, a expressão “career shrekking” é conhecida como o modo de um profissional aceitar uma proposta, empresa ou cargo que esteja abaixo do seu real potencial. As razões de adopção dessa prática são diversas, mas costuma aparecer com maior frequência no período de desemprego. Quando estão desempregados, os profissionais tendem a querer a realocação no mercado de trabalho o mais rápido possível, aceitando assim a primeira oportunidade à vista. O “career shrekking” pode acontecer também pelo lado da empresa. “Líderes que ainda não estão maduros podem preferir promover profissionais mais ‘seguros’, que acatam todas as suas ideias”, diz Müller Gomes, especialista em recrutamento da consultora Robert Half. “Mas, nesse cenário, ninguém evolui — nem a área, nem a empresa, nem o próprio líder.” Porque é que o “career shrekking” não é a melhor opção para a sua carreira? Tendências como o “career shrekking”, ou qualquer estratégia baseada no controlo, podem parecer escudos contra a rejeição, mas reforçam inseguranças. Ao escolher cargos, empresas ou funções que não envolvem desafios e parecem estar abaixo das suas capacidades, o profissional ensina a si próprio que a sua segurança depende de ter sempre vantagem ou de nunca correr riscos. Com o tempo, até pequenas mudanças, como uma nova liderança, uma reestruturação ou um feedback mais duro, passam a parecer ameaças. A pessoa habitua-se a depender do controlo, e não da confiança nas próprias competências. A ideia de que um cargo é grande ou pequeno demais transforma o trabalho numa competição permanente, minando a curiosidade, a aprendizagem e a colaboração. Quando se vê o emprego apenas como um meio de protecção, deixa-se de ver o propósito, o crescimento e o valor que ele pode oferecer. Em vez de procurar a falsa sensação de segurança que vem do controlo, vale a pena investir no trabalho interno de construir auto-estima profissional e abrir espaço para novos riscos. Fonte: Forbes Brasil

