Portugal foi eleito “economia do ano” de 2025 pela revista britânica “The Economist”, uma distinção que foi conhecida a dias da realização de uma greve geral contra a revisão da lei laboral. Em entrevista à RTP, o ministro das Finanças Joaquim Miranda Sarmento diz que é “incompreensível”. “Numa economia que está a crescer, que está a gerar níveis significativos do emprego – até outubro estava a crescer em termos homólogos acima de 3% -, que está a gerar aumentos significativos das remunerações – até outubro estavam a crescer acima de 7% – com ganhos reais porque a inflação está perto de 2%, é verdadeiramente incompreensível que haja uma greve geral. A greve geral deve-se a razões políticas”, afirmou Miranda Sarmento. O ministro das Finanças referia-se à greve geral convocada pela CGTP e UGT para a próxima quinta-feira, 11 de dezembro, em protesto contra o anteprojeto do Governo de revisão da lei laboral, que está a ser debatido na Concertação Social e visa áreas como parentalidade ou prazo dos contratos. Questionado sobre o nível de adesão esperado, o governante rejeitou que esteja relacionado com insatisfação da população. “Veremos o nível de adesão na quinta-feira. Não acho que seja significativo de insatisfação”, disse, apontando para a valorização de carreiras na Administração Pública. “Os portugueses estão a sentir que os seus salários estão a aumentar e que há mais procura por pessoas para trabalhar”, defendeu. O emprego e os salários foi, aliás, o tema que Miranda Sarmento destacou no que diz respeito à distinção da The Economist, que tem em consideração dados de cinco indicadores económicos – inflação, desvio da inflação, produto interno bruto (PIB), emprego e desempenho da bolsa de valores. “É sobretudo um reconhecimento do extraordinário trabalho que as empresas e as famílias têm feito”, disse o ministro. “Portugal foi, no ano passado, o país da OCDE onde o rendimento líquido médio mais subiu. E subiu por três fatores: mais emprego, melhores salários e redução do IRS”. Apontando as medidas que o Governo está a levar a cabo, o responsável pela pasta das Finanças defende que há três áreas fundamentais para alavancar a produtividade e a competitividade da economia portuguesa. “Primeiro, o capital humano e nós estamos a regular a emigração, criámos benefícios fiscais para atrair jovens até aos 35 anos e benefícios fiscais para atrair trabalhadores altamente qualificados. Segundo, a redução da burocracia e dos custos de contexto e estamos a desenvolver um programa para reduzir o tempo de licenciamentos, o número de passos e processos que têm de ser dados em cada um desses licenciamentos, uma forte digitalização desses processos. E terceiro, o mercado laboral com uma proposta de revisão do código de trabalho que permita atualizar as normas laborais aquilo que é a economia moderna, dar maior flexibilidade, mas também maior segurança, especialmente aqueles que estão a entrar no mercado de trabalho”, elencou. “É nestes momentos que importa reforçar as reformas estruturais, que importa tomar algumas medidas que nem sempre agradam a todos, mas que são necessárias para melhorar a produtividade e competitividade e preparar o país para momentos em que possa ter condições externas mais adversas”, acrescentou Joaquim Miranda Sarmento.

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