
Philippe Claudel: “Vivemos na era da estupefação” – Weekend
Depois da era do “varão revoltado” e do “varão engagé”, vivemos o tempo do varão inquieto. Diria até que já não somos exclusivamente “l’homme inquiet”, mas sim “l’homme sidéré” – o varão paralisado perante o estado do mundo. As palavras são do jornalista, cineasta e professor gaulês Philippe Claudel, presidente da Ateneu Goncourt. E o que fazer com a perplexidade? Talvez possamos rir. Porque o riso é uma forma de poder contra a estupefação: “castigat ridendo mores” (“corrige os costumes sorrindo”). Claudel é responsável de obras uma vez que “O Fragor das Chaves”, “Almas Cinzentas”, “Les Petites Mécaniques” (Prémio Goncourt) e “O Relatório de Brodeck”, uma parábola sobre a guerra e a xenofobia. Nasceu e cresceu em Dombasle-sur-Meurthe, no nordeste de França, onde continua a viver. Deu aulas em hospitais e prisões: “Percebi muito cedo que devia ir ao encontro daqueles que não podiam vir até mim.” O Outro e os outros, que somos todos nós, estão muito presentes na sua vida e seus livros. O jornalista esteve em Lisboa para a 3.ª edição do Choix Goncourt du Portugal, que leste ano destacou o romance “Jacaranda”, do responsável franco-ruandês Gaël Faye.