Metanol verde pode revolucionar o transporte marítimo internacional – Ambiental

A transformação do setor marítimo é essencial para atingir os objetivos climáticos globais, mas há desafios que importa ultrapassar. Na linha da frente desta mudança, um novo estudo encomendado pela Greenpeace e desenvolvido pelo Instituto de Sistemas Energéticos Marítimos do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) aponta o metanol verde como o combustível alternativo mais promissor para descarbonizar a frota de navios que operam em águas alemãs.
A urgência é clara, aponta o documento. A Agência Europeia do Ambiente afirma que a navegação é responsável por 3% a 4% das emissões totais de CO2 da União Europeia (UE). Embora mais eficiente que outros meios de transporte, o volume de carga transportado torna a sua pegada ambiental significativa. Para alcançar a neutralidade carbónica em 2050, como prevê a Estratégia Inicial da Organização Marítima Internacional (IMO), o setor terá de abandonar os combustíveis fósseis, defende-se.
O metanol verde surge como candidato natural e, de acordo com o estudo, “pode ser produzido de forma neutra em carbono”, sendo que a sua utilização poderá reduzir as emissões de CO2 da frota em até “96%”. A chave está na sua origem: é produzido a partir de hidrogénio gerado por eletricidade renovável e dióxido de carbono capturado do ar.
Para além do impacto climático, o metanol verde é operacionalmente viável. “Os motores navais existentes podem ser convertidos para utilizar metanol sem grandes dificuldades”, refere o relatório, o que representa uma enorme vantagem económica face a outras opções tecnológicas.
O estudo analisou 19 mil navios que operaram em águas alemãs em 2019, contabilizando um consumo de 2,94 milhões de toneladas de combustíveis fósseis e cerca de 9 milhões de toneladas de CO2 emitidas. Para substituir este consumo por metanol verde, seriam necessárias cerca de 5,73 milhões de toneladas anuais deste combustível. “O consumo máximo estimado de metanol para a frota a operar na Alemanha é de 5,73 milhões de toneladas por ano”, conclui o relatório.
Os desafios são, no entanto, significativos. “As capacidades atuais de produção de metanol verde são ainda muito limitadas”, alerta o estudo. Por isso, recomenda-se “apoio político sob a forma de incentivos ao investimento, benefícios fiscais e promoção da investigação e desenvolvimento”.
A Greenpeace sublinha ainda que a transição não pode depender apenas da mudança de combustível. “Para além da conversão dos sistemas de propulsão, o consumo de combustível deverá também ser reduzido de forma global”, apontam os ambientalistas. Propostas como o uso de velas auxiliares, a regionalização das cadeias logísticas e o redesenho de rotas marítimas são destacadas como parte de uma estratégia mais ampla baseada no princípio da suficiência.
O metanol verde destaca-se também face a outras opções como o amoníaco ou o hidrogénio. Possui menor toxicidade, é mais fácil de armazenar e já começa a ser adotado por grandes empresas. “Empresas como a Maersk iniciaram a conversão da sua frota de contentores para metanol”, indica o relatório.
Com uma extensa rede de vias navegáveis interiores e uma posição central no comércio europeu, a Alemanha tem um papel estratégico na descarbonização marítima. O estudo revela que “as atividades marítimas da Alemanha originaram 9,03 milhões de toneladas de emissões de CO2” — um número que espelha o peso do setor, mas também o potencial impacto positivo de uma mudança.
“O presente estudo mostra em que condições o metanol verde pode ser uma alternativa sensata e viável para a indústria marítima”, afirma Clara Thompson, representante da Greenpeace. A ciência aponta o caminho, mas cabe agora aos decisores políticos, à indústria e à sociedade civil navegarem rumo a um futuro mais limpo.

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