
Fabricante italiana de cafeteiras Bialetti vai passar para mãos de magnata de Hong Kong – Indústria
A italiana Bialetti, icónica fabricante das famosas cafeterias “moka”, fechou um acordo para a venda do negócio à NUO Capital, um veículo de investimento, registado no Luxemburgo, controlado pela família Pao Cheng, uma das mais ricas de Hong Kong.
À luz do anúncio, feito esta quarta-feira, a NUO Capital vai pagar 53 milhões de euros por 78,6% das ações da empresa, ao abrigo do acordo que as partes esperam poder fechar até ao final de junho, que irá preceder o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) pelas restantes ações da empresa, a um preço não inferior a 0,467 euros cada, um passo prévio à conseguinte retirada da bolsa de valores de Milão.
O negócio carece do aval das autoridades regulatórias, incluindo o escrutínio ao abrigo do regime do chamado “poder de ouro” que permite ao governo italiano limitar ou impedir investimentos estrangeiros diretos ou transações envolvendo empresas consideradas estratégicas para o país.
O CEO da Bialetti, Egidio Cozzi, ficará no cargo, após a “passagem” de mãos da empresa.
Fundada em 1919, por Alfonso Bialetti, considerado o inventor da tradicional cafeteira octagonal que vai ao fogão, que introduz as primeiras “moka” em 1933, a Bialetti tornou-se num símbolo da cultura italiana no século XX.
Contudo, nos últimos anos, tem estado a braços com dificuldades, como resultado da concorrência dos fabricantes de café em cápsula, mas também de investimentos que não correram bem. A Reuters dá o exemplo da estratégia de expansão baseada na abertura de lojas em “shoppings” e em centros urbanos, travada pela pandemia de covid-19, e da extensão do negócio, sem sucesso, aos utensílios de cozinha.
Segundo a agência de notícias, a Bialetti fechou 2024 com prejuízos de 1,1 milhões de euros e dívidas financeiras líquidas na ordem dos 82 milhões.
Embora outras marcas tenham replicado, ao longo dos tempos, a cafeteira “moka”, 90% dos lares italianos tinham uma Bialetti, segundo um estudo de 2010, citado pelo The Guardian.