
CEO da BlackRock deixa política e energia fora da carta anual aos investidores – Mercados
Foi de forma breve que Larry Fink, o CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, resumiu aos investidores, na sua carta anual, o atual momento de mercado. “Ouvi de quase todos os clientes, de quase todos os líderes – de quase todas as pessoas – com quem falo: estão mais ansiosos com a economia do que em qualquer outro período recente. Percebo porquê. Mas conseguimos antes ultrapassar momentos como este. E de alguma forma, a longo prazo, vamos conseguir resolver as coisas.”
Esta foi praticamente a única menção, embora muito pouco direta, ao atual momento do mercado, principalmente nos Estados Unidos. O CEO da BlackRock não só evitou temas políticos, que estão habitualmente presentes nas suas cartas, como também não referiu quaisquer temas de sustentabilidade e inclusão.
Larry Fink focou-se antes na democratização dos investimentos e na necessidade de se expandir a participação do cidadão comum nos mercados financeiros. Opta também por se focar nos mercados privados, uma vez que, com as elevadas necessidades de financiamento, os governos vão precisar de capital deste mercado para financiar infraestruturas. A solução passa pela atual divisão, mais popular, de 60% ações e 40% obrigações nos portefólios, passar para uma regra de 50%/20%/30% – ações, obrigações e ativos privados, como infraestrutura e imobiliário.
O dólar como reserva mundial também merece uma referência e “não é garantido que dure para sempre”, refere Larry Fink. “Se os Estados Unidos não conseguirem ter a sua dívida sob controlo, e se o défice continuar a aumentar, a América arrisca perder essa posição para ativos digitais como a Bitcoin”, sublinha.
Neste aspeto, a “tokenização” dos vários ativos transacionados nos mercados financeiros pode ser o caminho para a democratização do investimento, anulando barreiras no acesso: “cada token certifica a propriedade de um ativo específico, tal como uma escritura digital”. Tal poderia significar que as ordens demorariam segundos e os mercados nunca teriam de encerrar.