
Sucesso em Cabo Delgado Impulsiona Alargamento Para Nampula • Diário Económico
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A melhoria de rendimentos de mais de 50% dos beneficiários e a criação de oportunidades de emprego para centenas de jovens de Cabo Delgado são indicadores de sucesso para a próxima fase.
No início de Dezembro de 2024, realizou-se a conferência final da primeira fase do projecto +Emprego Para os Jovens de Cabo Delgado. Lançada em 2020, a primeira fase arrancou no mesmo ano e contou com o co-financiamento da União Europeia e do Camões IP em cerca de 4,2 milhões de euros.
A sua execução foi materializada pelo Governo português, através do Instituto Camões, com o apoio de uma dezena de parceiros nacionais e internacionais, nos diversos programas também lançados ao longo da primeira fase.
E se, habitualmente, não é comum em projectos semelhantes a garantia ou a clareza dos resultados, no caso do +Emprego notam-se as diferenças. Durante os quatro anos do programa, os resultados são claros e animadores: 1553 beneficiários de Cabo Delgado foram directamente beneficiados pelas centenas de iniciativas que promoveram a qualificação profissional a vários níveis, o empreendedorismo e a criação de oportunidades de emprego digno para jovens da província, com especial enfoque nas mulheres da região.
Na sessão de encerramento da primeira fase, a coordenadora-geral do projecto, Cristina Paulo, detalhou algumas das metas alcançadas. “Além da criação de emprego e do número de jovens alcançados, que cresceu substancialmente face ao inicialmente estipulado, que era de 800, alcançámos 36 micro, pequenas e médias empresas (MPME) da província com uma série de iniciativas que fortaleceram a estrutura e competitividade. A formação de formadores foi também fundamental, tendo sido qualificados orientadores vocacionais e profissionais, tutores de estágio e técnicos de emprego, capacitando-os para atender às necessidades do mercado”, explica, destacando ainda a atribuição de ‘kits’ de auto-emprego e ressalvou um dos pontos altos da iniciativa, fazendo jus à designação da mesma: cerca de 50% dos beneficiários garantiu colocação no mercado formal ou viu concretizadas as próprias iniciativas empreendedoras. “Neste caso, tínhamos uma meta de criar 400 empregos directos ou indirectos, mas conseguimos mais de 500”, disse.
Desafios? Houve muitos. Com uma já longa carreira em projectos de cooperação e desenvolvimento em diversas geografias, Cristina Paulo relevou, por diversas vezes, o papel essencial das parcerias nacionais e internacionais para os bons indicadores de desempenho da primeira fase do +Emprego. “Contámos com uma rede de parceiros locais públicos e privados, a começar pelo SEJE, o INEP, o IFPELAC, a Agha Khan ou a CTA, entre outros, e os parceiros internacionais, como o Instituto de Soldadura e Qualidade, a Mota-Engil ou o Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica. E tudo, claro, ancorado no trabalho que estabelecemos de forma conjunta entre o Camões IP e a União Europeia, com o objectivo concreto de criar condições de empregabilidade digna. Tudo para dar uma luz de esperança a milhares de jovens de uma região que, como sabemos, têm grandes problemas e muitos desafios pela frente”.
“Face aos resultados, aos comentários dos parceiros e aos testemunhos dos nossos beneficiários, creio que alcançámos o objectivo e que demos o nosso contributo”, afirmou. Outro dos factores essenciais é a inclusão das jovens mulheres no mercado de trabalho. A meta inicial de 25% foi superada: 44% dos beneficiários foram jovens mulheres da região, o que reflecte, segundo a gestora do +Emprego, “o compromisso com a igualdade de oportunidades numa região com desafios específicos relacionados com a questão de género.”
A criação de empregos de qualidade terá um impacto transformador em Moçambique. Vai reduzir a pobreza, contribuir para a estabilidade social e impulsionar o crescimento económico
Continuidade garantida
Durante a conferência, o embaixador de Portugal em Moçambique, António Costa Moura, anunciou a segunda fase do programa, com um orçamento de 601,4 milhões de meticais (9 milhões de euros). Esta etapa vai dar continuidade ao trabalho realizado em Cabo Delgado ao ampliar a área de actuação para incluir a província de Nampula, a mais populosa do País.
“Estamos empenhados em continuar este exercício, duplicando os recursos financeiros e alargando o impacto geográfico. A segunda fase do +Emprego representa uma oportunidade de consolidar os avanços alcançados e expandir as iniciativas para outras regiões com grande potencial”, afirmou Costa Moura, ao destacar o sucesso da primeira fase, orçada em 280,6 milhões de meticais (4,2 milhões de euros).
“Portugal estará sempre presente numa área tão crucial como esta, de proporcionar aos jovens condições mínimas de desempenho de uma profissão, de aprender o ‘saber fazer’“, assinalou o embaixador.
Já o embaixador da União Europeia em Moçambique, Antonino Maggiore, enfatizou a relevância do projecto num país com muitas dificuldades. “A abordagem passa por continuar a trabalhar em conjunto com o Governo, instituições e sociedade civil para alcançar resultados concretos. Cabo Delgado é uma província-chave para a UE, que combina ajuda humanitária e apoio à segurança com iniciativas de desenvolvimento”, afirmou. Maggiore destacou também que o +Emprego “foi essencial para mitigar os efeitos da crise económica e do conflito na província, criando mecanismos sustentáveis para a criação de rendimento e o fortalecimento do tecido empresarial local. Projectos como este são fundamentais para construir um futuro mais inclusivo e próspero para Moçambique.”
Colaboração internacional
O secretário de Estado da Juventude e Emprego, Oswaldo Petersburgo, destacou a cooperação entre a União Europeia e Portugal por via do Instituto Camões como “um exemplo de parceria bem-sucedida, num projecto que demonstra o compromisso com a juventude de Cabo Delgado. É uma iniciativa que mostra como é possível gerar impacto positivo através de alianças estratégicas”, afirmou.
O ex-governante também salientou a importância da continuidade do programa, afirmando que os avanços alcançados representam apenas o começo de um longo processo de transformação económica e social. “Com o apoio de todos os parceiros, temos condições de ampliar ainda mais o alcance e a eficácia das acções futuras”, concluiu.
Com duração de quatro anos (2020-2024), o projecto +Emprego é uma referência de intervenção em regiões vulneráveis, promovendo oportunidades económicas e trabalho digno para milhares de jovens de Cabo Delgado.
Texto: Pedro Cativelos & Nário Sixpene • Fotografia: Mariano Silvaa d v e r t i s e m e n t