
Recapturados Pelo Menos 280 Reclusos Evadidos em Maputo • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Pelo menos 280 reclusos foram recapturados, de um total 1534 que fugiram de estabelecimentos penitenciários de Maputo, e foi criada uma comissão de inquérito para investigar o caso, anunciou este sábado, 28 de Dezembro, o vice-ministro da Justiça.
“Tivemos 1534 evadidos, dos quais 100 do lado do estabelecimento penitenciário de máxima segurança e os restantes do estabelecimento provincial de Maputo. Do total, já foram recapturados 280 reclusos”, disse à comunicação social Filimão Suaze, após visitar os estabelecimentos penitenciários, na capital.
Dos 280 reclusos, mais de 100 foram recapturados na sexta-feira (27), avançou o governante, referindo que a maior parte dos fugidos foram devolvidos à prisão pelos seus familiares e outros apresentaram-se às autoridades voluntariamente.
“Boa parte destes números têm sido registados graças à colaboração das famílias que denunciam a chegada a casa dos seus familiares fora do tempo de reclusão previsto”, disse.
O vice-ministro da Justiça rebateu ainda as alegações sobre a colaboração das autoridades na fuga dos reclusos, avançando que foi instaurada uma comissão de inquérito para perceber como terá sido preparada a evasão.
“Se a intenção fosse nossa, de simplesmente abrir os portões e libertar reclusos, teríamos feito facilmente porque as chaves estão connosco. É uma questão de abrir as portas e permitir que as pessoas saiam, e não tínhamos de passar por um exercício de destruição massiva como se passou aqui”, disse o responsável.
Reclusos da B.O
De acordo com o governante, durante a evasão foram incendiadas algumas “instalações tecnicamente chave” dos estabelecimentos penitenciários, entre as quais o sector de controlo penal, processos e computadores, de alguns dos quais retiradas unidades de disco rígido.
“O curioso é que em algumas situações, antes de incendiar os computadores, retiraram as unidades de disco rígido, sinal de que se tratou de uma operação feita com alguma preparação. Sob o ponto de vista tecnológico, não é qualquer recluso que sabe da utilizar o disco rígido, pelo menos a maior parte”, referiu Filimão Suaze.
Moçambique vive desde segunda-feira (23) uma nova fase de tensão social, na sequência de protestos contra os resultados das eleições gerais que culminaram com confrontos entre manifestantes e a polícia.
Os 1534 reclusos evadiram-se das cadeias na tarde de 25 de Dezembro, anunciou, no mesmo dia, o comandante-geral da polícia, afirmando tratar-se de uma acção “premeditada” e da responsabilidade de manifestantes pós-eleitorais.
“Esperamos nas próximas 48 horas uma subida vertiginosa de todo o tipo de criminalidade na cidade de Maputo”, afirmou Bernardino Rafael, garantindo que entre os reclusos em fuga estão 29 “terroristas”, alguns “altamente perigosos”.
O Conselho Constitucional (CC) proclamou na segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.
O anúncio provocou novo caos em todo o País, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, colocando barricadas, promovendo pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar repor a ordem.
Pelo menos 134 pessoas morreram desde segunda-feira nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando a 261 o total de óbitos desde o dia 21 de Outubro, e 573 baleados, segundo o último balanço feito pela Plataforma Eleitoral Decide.