
Que Perspectivas Têm os Cidadãos Para 2025? Fomos Descobrir • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Embora tenha começado estável e com boas perspectivas de crescimento – segundo o Governo, esperava-se 5% de crescimento, que foi revisto para 3% devido à onda de manifestações –, o ano de 2024 acabou conhecendo eventos sociais e políticos que minaram o sonho de muitos cidadãos.
Esta quinta-feira, 2 de Janeiro, dois dias depois da entrada de um novo ano, o DE decidiu entrevistar alguns moçambicanos e perceber quais as perspectivas que têm de 2025. Os entrevistados prevêem um ano marcado por dificuldades económicas devido à onda de protestos que se verificam em quase todo território nacional.
“A nível conjuntural, definitivamente 2025 será um ano que vai exigir muitos esforços combinados, pois espera-se um nível mais alto na inflação, o que reduz as expectativas dos agentes económicos”, diz-nos Clésio Fóia. “Haverá também um possível aumento das taxas de juro, o que poderá comprometer o florescimento do investimento empresarial com capacidade de gerar emprego e aliviar pressões da pobreza. Poderá registar-se uma menor circulação da moeda, uma vez que vários empreendimentos foram destruídos e haverá menos empregos, o que vai gerar escassez de liquidez e constituir um enorme desafio para realização, com êxito, das perspectivas traçadas para 2025”, explicou o nosso entrevistado.
Entretanto, Clésio Fóia entende que, com uma boa liderança, o País pode sair do “abismo” em que se encontra. “Na minha opinião, com uma boa liderança e um ambiente de paz e tranquilidade, Moçambique pode descrever um ponto de inflexão, ou seja, uma viragem, se trabalhar com políticas socioeconómicas objectivas e prospectivas para sustentar soluções para a crise herdada de 2024”, vincou.
Por sua vez, Enoque Cardoso, outro cidadão entrevistado pelo DE, explica que, “neste momento, o maior anseio para 2025 é que se consiga criar uma plataforma de entendimento que promova a paz e a estabilidade. Só teremos um ano positivo, em qualquer esfera, se as ondas de manifestações e desentendimentos que nos afligem actualmente chegarem ao fim. Todos os planos, metas e objectivos traçados para o ano dependem disso.”
Enoque Cardoso
Para Aida Eunice, “não é segredo que a situação económica e política tem sido uma ‘montanha-russa’, com manifestações que expõem o descontentamento e a luta do povo por melhores condições. Isso afecta directamente a nossa forma de sonhar e de planear”.
Mesmo assim, a cidadã espera que “o ano 2025 seja de resiliência e superação. Quero crescer emocional e intelectualmente. Colocar os meus projectos em prática e, acima de tudo, continuar a construir uma vida que faça sentido para mim, sem me deixar abalar pelos cenários externos. É um ano para me fortalecer internamente e contribuir, na medida do possível, para mudanças positivas.”
Lições aprendidas em 2024
“Quanto ao ano 2024, faço uma avaliação negativa. Estava expectante de que culminaria nas eleições mais disputadas da nossa história, sem que nenhum partido obtivesse maioria absoluta no Parlamento. Tudo indicava nesse sentido. Infelizmente, as muitas irregularidades antes, durante e depois do processo eleitoral deixaram um ‘amargo na boca’ e um sentimento de frustração”, disse Enoque Cardoso, que lamenta os resultados eleitorais. E acrescenta: “A grande lição que tirei de 2024 é que ainda temos um longo caminho a percorrer. É necessária uma profunda reforma nas nossas instituições, especialmente nos órgãos de gestão eleitoral, que saíram bastante desacreditados após o dia 9 de Outubro. Não há para onde fugir: o nosso presente e futuro dependem muito das decisões políticas, por isso, a avaliação do ano, para um cidadão comum, passa muito por quem e como vai liderar os destinos do País.”
Aida Eunice
Clésio Fóia entende que 2024 começou com algumas boas expectativas por parte da sociedade, apesar de já se poder esperar algumas adversidades por se tratar de um ano eleitoral. “As adversidades materializaram-se, sobretudo, no quarto trimestre, quando o País se tornou num campo de violência, perdas irreparáveis de vidas e vandalização de infra-estruturas públicas e privadas”, lamentou.
“Realmente, 2024 foi um ano de desafios e lições. A crise económica e as tensões políticas, reflectidas nas manifestações e no descontentamento popular, impactaram o dia-a-dia de todos nós”, disse Aida, sublinhando: “Aprendi a valorizar as pequenas conquistas e a persistir, mesmo num cenário incerto. Foi um ano que me mostrou a importância de lutar pelo que acredito, enquanto cultivo a paz dentro de mim. Se há algo que levo de 2024 é que o progresso está em saber o que devemos deixar para trás. Assim, seguimos mais leves, focados e prontos para enfrentar o que vem a seguir.”
Num ano que começa com incertezas, ficar focado e pronto no que vier a seguir, talvez torne o cidadão moçambicano mais leve e tolerante, semeando dentro de si a esperança de dias melhores marcados pela paz e tranquilidade.
Texto: Nário Sixpene