
Polícia Recorreu a Tiros e Gás Para Afastar Manifestantes Junto da Praça da Independência • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Nesta quarta-feira, 15 de Janeiro, um grupo de algumas dezenas de manifestantes, empunhando cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, insistia em concentrar-se em frente ao Banco de Moçambique, local próximo da Praça da Independência, com o intuito de “boicotar” a tomada de posse do novo Presidente da República, Daniel Chapo.
De acordo com a Lusa, os mesmos colocaram pedras na via, precipitando a intervenção da polícia, com recurso a vários tiros de metralhadora e lançamento de gás lacrimogéneo, que levou à debandada momentânea dos manifestantes, numa altura em que decorria a cerimónia de investidura.
A agência portuguesa relatou que poucos minutos depois, o mesmo grupo voltou a concentrar-se no mesmo local, com bandeiras de Moçambique e repetindo o protesto.
“A intervenção da polícia foi sentida no local da tomada de posse e no final da cerimónia, novos disparos, para desmobilizar grupos de manifestantes, foram ouvidos no centro da cidade, enquanto os convidados deixavam a Praça da Independência”, descreveu.
Os manifestantes, organizados em diferentes grupos, gritavam ainda “Salve Moçambique” e entoavam o hino nacional, afirmando que pretendiam assistir à tomada de posse, mas foram impedidos pela polícia.
Enquanto um helicóptero da polícia sobrevoava a baixa altitude o local, a polícia recebia reforços para conter estes grupos de manifestantes, alguns com cartazes com a cara de Venâncio Mondlane.
A capital moçambicana esteve sob fortes medidas de segurança e já tinha havido outras intervenções da polícia para dispersar, com tiros, manifestantes em protesto que incendiaram pneus na estrada, à entrada do centro de Maputo, pouco antes da cerimónia de investidura de Daniel Chapo como quinto Presidente.
Chapo foi governador da província de Inhambane quando, em Maio de 2024, foi escolhido pelo Comité Central para ser candidato do partido no poder à sucessão de Filipe Nyusi, que cumpriu dois mandatos como Presidente da República.
Em 23 de Dezembro, Chapo, de 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos. Formado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, em 2000, o novo chefe do Estado de Moçambique nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro do País, a 6 de Janeiro de 1977, sendo, por isso, o primeiro Presidente nascido já depois da independência (1975).
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde Outubro, com manifestantes pró-Mondlane – que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória – a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que já provocaram 300 mortos e mais de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou três dias de paralisação e manifestações, desde segunda-feira, contestando a tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia da República e a investidura do novo Presidente da República.