Mondlane Entra “em “Cena Antes do CC e Ordena “Cancelamento” Das Actividades Até Sexta-Feira • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Quando eram pontualmente 13h00 (duas horas antes do anúncio dos resultados por parte do Conselho Constitucional), o candidato presidencial Venâncio Mondlane entrou em “cena” através da sua página oficial do Facebook. Na sua aparição, ordenou o cancelamento de toda a actividade pública e privada até sexta-feira, 27 de Dezembro.
De acordo com o mesmo, a medida visa abrir espaço para o povo reflectir sobre o tipo de país que se pretende ter nos próximos anos, salientando que “este é o momento de se organizar Moçambique” e que todos os cidadãos moçambicanos “devem ser mais inteligentes, espertos, sábios e unidos”.
“Esta semana toda, até sexta-feira, não haverá trabalho. Está tudo cancelado em Moçambique. Vamos pensar no nosso país, esta é uma oportunidade única que temos. Enquanto sobrevoam os helicópteros, nós vamos pensar para sabermos o que fazer. Neste período, as nossas senhoras dos mercados podem trabalhar, mas a actividade formal está cancelada”, afirmou.
Na live de uma hora, o político sublinhou que “esta é a hora de se organizar o país, vamos abrir os olhos. O direito à resistência é um direito que assiste todos os moçambicanos e está escrito na Constituição da República. Usam as Forças de Defesa e Segurança para matar o povo, há legalidades que são injustas praticadas por assassinos e ditadores.”
Mondlane também criticou a gestão do Governo actual questionando a sustentabilidade dos pagamentos dos retroactivos feitos recentemente aos funcionários públicos e às Forças Armadas, e levantou ainda questões ligadas aos direitos humanos e à corrupção.
“Vamos esperar se da boca de Lúcia Ribeiro sairão granadas, explosivos, balas de AKM ou gás lacrimogéneo. Eles vão decidir se o País continuará no caminho da ditadura, assassinatos, esquadrões da morte, corrupção, burla, roubos, raptos e sequestros. Será que continuaremos a viver de migalhas? Estamos mergulhados na miséria, má governação e corrupção”, concluiu.
“Esta semana toda até sexta-feira, não haverá trabalho. Está tudo cancelado em Moçambique. Vamos pensar no nosso País, esta é a oportunidade única que temos. Enquanto sobrevoam os helicópteros, nós vamos pensar para sabermos o que fazer. Neste período, as nossas senhoras dos mercados podem trabalhar, mas a actividade formal está cancelada”
O Conselho Constitucional irá proclamar, nesta segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024, às 15h00 locais, os resultados finais das eleições gerais realizadas a 9 de Outubro deste ano. A proclamação ocorrerá no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, e será conduzida pela Presidente do órgão, Lúcia Ribeiro.
Conforme o comunicado, a proclamação inclui os resultados das eleições presidenciais, legislativas e provinciais. Estas eleições foram alvo de forte contestação desde o anúncio preliminar pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), em 24 de Outubro, que atribuiu a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975. Daniel Chapo, candidato da Frelimo, foi declarado vencedor da eleição presidencial com 70,67% dos votos, enquanto Venâncio Mondlane, do partido Podemos, ficou em segundo lugar com 20,32%.
A oposição, liderada por Mondlane, não reconheceu os resultados anunciados pela CNE, alegando irregularidades e fraude eleitoral. Mondlane interpôs recurso ao Conselho Constitucional, pedindo a revisão do processo e exigindo a “reposição da verdade eleitoral”. Desde então, manifestações e paralisações têm ocorrido em várias cidades do País, frequentemente degenerando em confrontos violentos com as forças de segurança.
Segundo dados da Plataforma Eleitoral Decide, que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, pelo menos 130 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais, 2000 ficaram feridas e 3636 foram detidas. Além disso, foram registados 385 feridos por disparos e cinco pessoas continuam desaparecidas.
Texto: Cleusia Chirindza
