
CTA Prevê Crescimento Económico Inferior a 3,3% Devido a Crise Pós-Eleitoral • Diário Económico
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O Governo poderá falhar em larga escala as suas perspectivas de crescimento económico para 2025 devido aos efeitos dos protestos pós-eleitorais. A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) reviu as suas estimativas e aponta agora um crescimento inferior a 3,3%, muito abaixo dos 5% previstos pelo Executivo, que esperava que o mesmo fosse suportado principalmente pela indústria extractiva, com destaque para o gás natural da bacia do Rovuma, informou o jornal O País.
Eduardo Sengo, director executivo da CTA, afirmou que o cenário pós-eleitoral é “totalmente negro”, e, embora não se espere um crescimento negativo, a previsão é de um “crescimento muito baixo. Nós vimos que esta crise, ao contrário da da covid-19, entre outras, assemelha-se muito a uma guerra civil”, disse, ressaltando que a queda na oferta de produtos e a redução do consumo das famílias são factores determinantes para essa desaceleração económica.a d v e r t i s e m e n t
O dirigente da CTA explicou que a vandalização das indústrias e de outras infra-estruturas teve um impacto directo no Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Isto porque as indústrias, as infra-estruturas e vários outros tipos de investimento, directa ou indirectamente, contribuem para o crescimento económico. Então, quando olhamos para as grandezas do PIB, vemos que o investimento agregado foi muito afectado”, avançou.
Eduardo Sengo- director executivo da CTA
Sengo sugeriu a criação de linhas de financiamento bonificadas para ajudar na recuperação da economia. “O dinheiro, neste momento, é necessário. Terá de haver medidas de injecção directa na economia, seja através da população para o consumo, que depois vai gerar a procura para o investimento, seja através da recuperação dos activos destruídos.”
O responsável propôs também que o Governo utilizasse fundos já existentes no País, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável e o Fundo de Desenvolvimento da Economia Azul, para apoiar a recuperação económica.
O que esperar do BdM perante a crise económica actual?
Em relação ao Banco de Moçambique (BdM), Sengo sugeriu a redução da taxa de reservas obrigatórias, que actualmente está fixada em 40%, como forma de liberar recursos financeiros. “O BdM terá de desempenhar um papel muito importante, com a redução da taxa de reservas obrigatórias, hoje fixada em 40%, como alternativa para aliviar e libertar algum capital”, afirmou.
O economista Octávio Manhique, por sua vez, acredita que o Executivo cessante já não tem tempo para implementar soluções eficazes para a crise. “Já passou o tempo de reacção. As expectativas estão agora viradas para o próximo ciclo governativo.” Segundo ele, a nova governação precisará de ajustar o seu programa para considerar os eventos extraordinários recentes. “Vai haver aqui uma necessidade de o novo Governo refazer os seus planos, olhando para estas questões candentes”, explicou.
Manhique destacou também a importância de garantir um ambiente de estabilidade política e económica para atrair investimentos privados. “Um dos aspectos essenciais na área de investimentos é que os investidores querem investir num ambiente de estabilidade económica, mas também política, fiscal e por aí fora.”
O economista sugeriu ainda que o BdM poderia aliviar a pressão sobre as empresas ajustando alguns dos indicadores de crédito. “Estamos a falar, por exemplo, de haver um crescimento do crédito em cumprimento e, aliviando um pouco este requisito, este limite prudencial pode permitir que os bancos comerciais possam ter capacidade para renegociar prazos que sejam razoáveis.”
Do lado das empresas, o economista propôs medidas para gerir os riscos, incluindo seguros que cobrem prejuízos. “Atenção, os empresários, mesmo que recebessem estes fundos amanhã, não os investiria antes da clarificação da situação de transição política”, alertou, tendo igualmente destacado que, enquanto a situação política permanecer incerta, os empresários hesitarão em investir, aguardando a definição do futuro político do País.