
Comunidade ucraniana em Nova Iorque pede ao mundo que “não desvie olhar”
No protesto, que reuniu centenas de pessoas no centro de Manhattan, os ucranianos defenderam “que não pode haver negociações de paz sem a Ucrânia “, depois dos Estados Unidos e da Rússia se terem reunido recentemente na Arábia Saudita para iniciar conversações, mas sem a presença de Kyiv ou líderes europeus.
“O único acordo que funciona é aquele em que a Rússia sai derrotada. Não pode haver negociações com terroristas”, lia-se num dos cartazes erguidos durante o protesto.
Noutro cartaz, junto à imagem de Donald Trump podia ler-se a frase:” Eu vendi a Ucrânia”.
Trump surpreendeu Kyiv e os aliados europeus ao anunciar recentemente uma conversa telefónica de cerca de 90 minutos com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, acabando por abalar a unidade ocidental e a estratégia de isolamento de Moscovo.
Ao telefonema seguiram-se conversações russo-americanas em Riade, nas quais os dois países se comprometeram em restabelecer as relações entre as duas potências e em iniciar conversações de paz para a Ucrânia, num encontro sem a presença de europeus ou de Kyiv, o que gerou descontentamento junto do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Mas as relações entre Washington e Kyiv estremeceram ainda mais quando Donald Trump acusou esta semana Zelensky de ser um “ditador” e responsabilizou a Ucrânia pelo início da guerra.
“A Rússia é um Estado terrorista”, gritavam duas ucranianas, que seguravam fotografias de soldados ucranianos mortos em combate.
Perto da multidão, um homem que usava as cores da bandeira norte-americana gritava: “vocês não podem lutar para sempre. Não queremos a terceira guerra mundial”, mas acabou ignorado pelos ucranianos.
“Paz sem justiça é apenas uma pausa” e a “Ucrânia vai prevalecer” podia ler-se em outros dois cartazes erguidos.
O protesto de hoje foi convocado pela Svitanok, uma organização pró-democracia com sede em Nova Iorque, focada em combater a desinformação sobre a guerra e defender a soberania e os ideais democráticos da Ucrânia.
A comunidade ucraniana teve de reformular a sua mensagem para este protesto após as polémicas declarações de Trump, com os ucranianos a verem-se obrigados agora a reforçar que foi a Rússia a começar esta guerra quando invadiu a Ucrânia e que Zelensky foi democraticamente eleito pelo seu povo.
Os ucranianos pedem também que a comunidade internacional continue a apoiar Kyiv e a enviar armamento que ajude a Ucrânia a derrotar Moscovo no campo de batalha.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito, que hoje atingiu a marca dos três anos, provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
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