
“Baixa Produtividade Agrícola Contribuiu Para Persistência da Pobreza”, Estudo • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n t
A pobreza tem afectado uma parcela significativa da população, com características demográficas e socioeconómicas distintas, devido aos vários eventos adversos que têm influenciado negativamente o País. Estima-se que o número de pessoas a viver abaixo da linha de pobreza tenha aumentado de 46,1% em 2015 para 65% da população em 2022.
Estudos apontam que, entre as causas, o destaque recaia na baixa produtividade agrícola que contribui sobremaneira para a persistência das vulnerabilidades, principalmente nas famílias residentes nas zonas rurais que dependem da agricultura para a sua subsistência.
De acordo com o relatório sobre o Desenvolvimento Agrário em Moçambique 2002-2020, lançado na semana passada e publicado pela Agência de Informação de Moçambique, o desempenho da agricultura de pequena escala no País é largamente inferior, comparando com os países vizinhos.
“Olhando para o milho, Moçambique produz cerca de uma tonelada por hectare, enquanto a África do Sul produz cinco toneladas. Já a Ásia, América do Sul e os Estados Unidos produzem quatro, cinco e 11 toneladas, respectivamente.”
O estudo destacou que contribuem para o fraco desenvolvimento factores, como a diminuição do tamanho médio da terra cultivada, a limitação do uso de insumos agrícolas, a comercialização limitada e o orçamento deficitário atribuído ao sector pelas entidades governamentais.
“Entre 2002-2020, a área cultivada pelos pequenos produtores reduziu 21% em Moçambique, o que influenciou o aumento da pobreza. As famílias tiveram acesso limitado a sementes melhoradas, fertilizantes, pesticidas, irrigação e maquinaria.”
Acrescenta-se ainda: “A província de Tete destaca-se com a maior taxa de utilização de fertilizantes (15% em 2002 e 16% em 2020), enquanto Zambézia e Sofala registaram taxas mais baixas (1,57% e 1,54%, em 2020; 1% e 0,72% em 2002, respectivamente). O uso de pesticidas foi ainda mais limitado com uma média nacional de 4,2%, assim como a doação de equipamento que continuou também baixo com média de 10%”.
“No período em análise, verificou-se que os investimentos do Estado no sector agrícola foram insuficientes para cobrir as necessidades de financiamento e operacionalização das estratégias estabelecidas.”
Contudo, para reverter o cenário, o relatório recomendou a mudança de foco na abordagem, dando prioridade aos pequenos agricultores, que representam a maior parte do sector agrícola, ainda dominado pela agricultura de pequena escala.a d v e r t i s e m e n t