
Anúncio da Reestruturação da Dívida Nacional Provoca Queda Nos Títulos Soberanos • Diário Económico
A única obrigação soberana do País no mercado internacional sofreu uma queda no seu valor na segunda-feira, 20 de Janeiro, após relatos de que o novo Governo está a considerar uma reestruturação da dívida, num contexto de semanas de protestos pós-eleitorais que impactaram severamente as receitas do Estado. A informação foi divulgada esta segunda-feira, 20 de Janeiro, pela agência de notícias Reuters.
De acordo com o órgão, o título de dívida soberana, com vencimento em Setembro de 2031, registou uma queda de mais de 2 cêntimos, passando para 81,5 cêntimos por dólar. Esta queda ocorre após um declínio anterior para 78,6 cêntimos no final de 2024, tendo em conta a onda de protestos violentos desencadeados pela contestação aos resultados das eleições presidenciais de 9 de Outubro.a d v e r t i s e m e n t
Reestruturação da dívida e desafios económicos
A nova ministra das Finanças, Carla Louveira, foi citada pela Bloomberg no domingo, afirmando que o Governo está a considerar a reestruturação da dívida soberana como parte de um esforço para enfrentar os desafios financeiros impostos pela crise política e social. Segundo Louveira, o processo de análise está em curso, mas ainda não foram divulgados detalhes específicos sobre os planos de renegociação.
Carla Louveira
A queda no valor das obrigações reflecte a preocupação dos investidores internacionais com a estabilidade económica e política de Moçambique. A instabilidade pós-eleitoral afectou significativamente as receitas fiscais, além de prejudicar o ambiente de negócios e a confiança dos mercados internacionais.
Impacto dos protestos e contestação eleitoral
As manifestações, convocadas pelo líder da oposição Venâncio Mondlane, escalaram rapidamente para episódios de violência e destruição de infra-estruturas públicas e privadas, resultando em mais de 300 mortos e cerca de 600 feridos por disparos da polícia desde o início dos protestos, no dia 21 de Outubro. Mondlane rejeitou os resultados eleitorais, alegando fraude, e declarou-se “Presidente do Povo” numa cerimónia simbólica.
O Conselho Constitucional proclamou oficialmente Daniel Chapo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor das eleições presidenciais, com 65,17% dos votos. O partido no poder também manteve a maioria parlamentar. O anúncio dos resultados, feito a 23 de Dezembro, intensificou os protestos, marcados por barricadas, pilhagens e confrontos com as forças de segurança em várias regiões do País.
Desafios do novo Governo
Daniel Chapo, que tomou posse como Presidente da República no dia 15 de Janeiro, enfrenta o desafio de restaurar a confiança da população e estabilizar o País. Durante o seu discurso de posse, Chapo prometeu promover um Governo inclusivo e implementar reformas que atendam às exigências populares, mas o caminho para alcançar esses objectivos parece complicado, dado o clima de polarização e descontentamento.
Além disso, a possibilidade de reestruturação da dívida poderá gerar preocupações adicionais entre os credores internacionais, especialmente num momento em que o País precisa de novos investimentos para revitalizar a economia e atender às demandas sociais.
Moçambique encontra-se, assim, num momento crítico, onde as decisões políticas e económicas dos próximos meses serão determinantes para o futuro do País.a d v e r t i s e m e n t