Actividade Empresarial Cai Para Mínimos do Tempo da Pandemia e Reflecte Incerteza Política de Dezembro • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n t
O Purchasing Managers Index™ (PMI) do Standard Bank revela que a actividade do sector privado registou uma deterioração significativa ao nível do ambiente de negócios no último mês de 2024, uma vez que a produção e as carteiras de encomendas foram novamente afectadas negativamente pelos protestos e greves massificadas relacionadas com os resultados eleitorais ocorridas em Dezembro. Já a procura dos clientes caiu ao ritmo mais elevado dos últimos quatro anos e meio, o que levou a cortes adicionais nas compras, nos stocks e na mão-de-obra.
O estudo, levado a cabo pelo Standard Bank, revela que o PMI global caiu mais dois pontos em Dezembro, registando um valor bem próximo da “área de contracção”. Com 46,4 pontos face aos 48,4 de Novembro, o estudo indica uma deterioração sólida na saúde do sector privado, a mais baixa desde Agosto de 2020”, lê-se no documento.
O inquérito aponta que as empresas inquiridas comunicaram que o declínio das condições de funcionamento se deveu a protestos e greves na sequência das eleições gerais. “A agitação teve um impacto considerável no total de novas encomendas, que registou a maior quebra desde Junho de 2020 e em todos os sectores monitorizados”, explica no estudo.
Do mesmo modo, esclarece o documento, a actividade empresarial contraiu a um ritmo acentuado, o mais rápido registado em mais de quatro anos, desde o auge da pandemia de Covid-19. “Para além dos protestos que reduziram a procura e a capacidade das empresas, houve relatos de que o encerramento das fronteiras levou à escassez de produtos. Assim, a actividade de compra foi também afectada, com as empresas a registarem um declínio acentuado em Dezembro”, aponta o inquérito.
O estudo salienta que “as contracções da produção e das vendas conduziram a reduções sustentadas do emprego e dos stocks. Em ambos os casos, as taxas de declínio foram semelhantes às observadas em Novembro. A queda do stocks foi sólida, enquanto a do número de trabalhadores foi ligeira. Os dados qualitativos indicaram que algumas empresas tiveram dificuldade em manter trabalhadores durante os protestos”.
“Já os preços de venda também diminuíram, marcando a primeira redução em 20 meses. Dito isto, a queda foi ligeira e centrou-se nas categorias da indústria transformadora e dos serviços, contrastando com os aumentos na agricultura, construção e no comércio grossista e retalhista”, lê-se no estudo.
Fáusio Mussa
O economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá afirma que “os protestos pós-eleitorais que se verificam desde o dia 21 de Outubro têm pesado sobre a actividade económica, com o PMI de Dezembro a reflectir as contracções mensais na produção, de novas encomendas, de prazos de entrega dos fornecedores e dos stocks de compras, devido a uma queda na demanda agregada e às constantes interrupções nas cadeias de abastecimento”, anota.
Já quanto ao impacto destes últimos meses no novo ano, o economista assinala que “as estimativas de crescimento do PIB para 2024 foram revistas em baixa para 2,5% e as nossas previsões de crescimento para 2025 estarão nos 3%. Em 2023, o crescimento foi de 5,4% por ano. Este facto implica que o crescimento do PIB se torne negativo, pelo menos no 4.º trimestre de 2024 e no 1.º trimestre de 2025. Os fenómenos relacionados com as alterações climáticas, como o ciclone Chido, poderão também ter um impacto negativo no crescimento”, assevera.
Quanto à inflação, Fáusio Mussá, mantém as previsões para 2025 nos 5,8%, mas deixa uma ressalva que “os riscos para a inflação aumentaram devido ao crescimento do preço dos bens alimentares, bem como pelas pressões fiscais e cambiais”, vincou.
Contudo, nem tudo são más notícias: o índice, consultado esta segunda-feira, 6 de Janeiro, pelo DE, aponta que “as compras mais baixas de factores de produção ajudaram a atenuar os custos das empresas, que caíram pelo segundo mês consecutivo e apoiaram uma nova redução dos encargos. Além disso, as empresas mostraram-se ligeiramente mais confiantes quanto às perspectivas de negócios do que em Novembro”.
Indicadores do PMI acima de 50 pontos apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo desse valor mostram uma deterioração.
O Purchasing Managers Index (PMI) publicado mensalmente pelo Standard Bank resulta das respostas de directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado.
