A ONG, especializada na análise dos direitos civis e políticos a nível mundial, sublinha num relatório que a “internet está hoje mais controlada e manipulada do que nunca” e que as condições deterioraram-se em 27 dos 71 países analisados, enquanto apenas 17 registaram melhorias. Entre as quedas mais significativas encontram-se países como o Quénia, Venezuela e a Geórgia, enquanto o Bangladesh registou a maior melhoria do ano. A China e a Birmânia mantiveram-se como “os ambientes mais restritivos do mundo”, a Islândia e a Estónia lideram a lista dos países com maior liberdade digital. O relatório recolhe alguns casos de repressão considerados extremos ocorridos nos últimos anos, como a condenação a oito anos de prisão na Arábia Saudita do cidadão britânico Ahmed al-Doush por publicações nas redes sociais em 2018. Na Bielorrússia, um ‘inluencer’ recebeu uma sentença de 10 anos por acusações consideradas falsas, enquanto no Quénia as autoridades impuseram um apagão da internet de sete horas durante os protestos de junho de 2024, detendo centenas de pessoas. Na Venezuela, um ativista foi condenado a 15 anos de prisão por criticar o Governo de Nicolás Maduro, denuncia a ONG. Neste sentido, pelo menos 57 dos 71 países abrangidos prenderam pessoas devido às suas atividades ‘online’, um recorde histórico segundo a organização. Ainda assim, a Freedom House destaca alguns avanços “frágeis e limitados” em países como Bangladesh, após a queda do Governo de Sheikh Hasina devido a protestos estudantis, enquanto na África e na Ásia alguns estados diversificaram as suas telecomunicações e reduziram temporariamente os cortes de internet. A China continua a ser “o exemplo mais extremo de controlo digital”, de acordo com o relatório, que cita uma expansão da sua infraestrutura de censura, capaz de bloquear conteúdos em todos os formatos através de uma tecnologia que, segundo a ONG, é exportada para outros países como a Birmânia. “A combinação de censura técnica, vigilância em massa e campanhas sofisticadas de manipulação da informação limita severamente a liberdade de expressão”, salienta a organização. O relatório alerta para “a crescente manipulação da informação ‘online’ através de campanhas estatais ou partidárias, contas automatizadas e o uso de Inteligência Artificial (IA) para difundir propaganda”. “Mesmo nas democracias, o controlo e a manipulação aumentam: a Alemanha, a Geórgia e os Estados Unidos registaram quedas na sua pontuação de liberdade digital, devido a detenções de estrangeiros, pressões sobre empresas de comunicação social e tecnologia e ameaças crescentes ao ativismo digital”, sublinha a ONG. Além disso, os autores do relatório realçam que a próxima geração de tecnologias digitais, como conectividade por satélite e medidas de verificação de identidade, além da IA, podem “alterar drasticamente o panorama da liberdade na internet”. Desta forma, o relatório concluiu ser necessário uma ação coordenada entre Governos, setor privado e sociedade civil que permita proteger a liberdade de expressão, a privacidade e o acesso a informações verdadeiras. Leia Também: Homem que criou lista de políticos a abater na Alemanha foi detido

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