O Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (INTIC) apelou às universidades nacionais para assumirem um papel central na produção de conhecimento científico que sirva de base à formulação de políticas públicas sobre Inteligência Artificial (IA) e transformação digital no País.

Segundo um artigo da Agência de Informação de Moçambique, o desafio foi lançado esta terça-feira, 14 de Outubro, pelo presidente do Conselho de Administração do INTIC, Lourino Chemane, durante a 1.ª Conferência Internacional sobre Inteligência Artificial e Transformações Universitárias, realizada na Universidade Pedagógica de Maputo (UPM).

De acordo com o responsável, a governação digital deve assentar em “evidências científicas, e as instituições de ensino superior são as mais indicadas para apoiar a elaboração de políticas públicas neste domínio.”

Lourino Chemane destacou que o INTIC está disponível para cooperar com o ensino superior na criação de laboratórios de Inteligência Artificial, ambientes experimentais (sandboxes) regulatórios e novos cursos em ciência de dados, ética e cibersegurança, iniciativas consideradas essenciais para o desenvolvimento de competências nacionais e uso responsável das tecnologias emergentes.

“Queremos trabalhar com as universidades na formação e capacitação de recursos humanos e na introdução de disciplinas alinhadas com as necessidades da era digital”, acrescentou.

O PCA do INTIC revelou que Moçambique, em coordenação com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), iniciou o processo de elaboração da Estratégia Nacional de Inteligência Artificial, um instrumento que orientará o País para uma governação digital baseada em evidências.

Defendeu igualmente a criação de centros de dados nacionais para garantir a soberania digital e promover uma governação de dados que reconheça a informação como um recurso estratégico para o desenvolvimento económico e social. “Os dados são o ouro do século XXI. Temos de aprender a gerar valor económico a partir deles, tal como fazem as grandes empresas tecnológicas”, afirmou.

Lourino Chemane destacou também a necessidade de reforçar a participação feminina no desenvolvimento de soluções de IA, alertando para os riscos de vieses raciais e de género em algoritmos produzidos fora do contexto africano. “É importante que as mulheres estudem e representem a sensibilidade de género na programação e no desenvolvimento de algoritmos”, defendeu.

“Nenhuma entidade é mais indicada do que as universidades para apoiar a formulação de “políticas baseadas em evidências”

O responsável citou o Presidente da República, Daniel Chapo, segundo o qual “a Inteligência Artificial é uma aliada poderosa das universidades e deve ser usada para expandir a mente humana, aumentar a produtividade científica e melhorar a qualidade do ensino.”

O PCA reafirmou o compromisso do INTIC em promover uma Inteligência Artificial ética, inclusiva e responsável, centrada no cidadão e orientada pelos princípios da UNESCO, como a transparência, equidade, segurança, explicabilidade e prestação de contas.

Por seu turno, o reitor da UPM, Jorge Ferrão, destacou a importância de reflectir sobre os impactos da tecnologia, afirmando que “o importante é começarmos e pensarmos nos efeitos desta Inteligência Artificial.”

O reitor chamou a atenção para o papel dos jovens no uso da IA, defendendo que “são eles que têm muito para nos dizer”. Sublinhou ainda a necessidade de regulamentar e definir padrões claros para o uso da tecnologia, citando experiências internacionais que podem inspirar Moçambique.

“O poder que temos sobre a IA é muito limitado”, advertiu Jorge Ferrão, apelando à planificação e à participação activa da comunidade académica para garantir uma inclusão tecnológica que beneficie também as crianças das zonas rurais.

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