
Suspensão de Voos Para Portugal Agrava Desafios do Turismo, Alerta PCA da Cotur • Diário Económico
A suspensão dos voos da LAM para Portugal está a agravar as dificuldades enfrentadas pelo sector do turismo em Moçambique. A preocupação foi expressa por Noor Mimad, presidente do conselho de administração da agência de viagens de Moçambique (Cotur), que considera a situação mais um obstáculo para uma indústria já fragilizada.
“O turismo já enfrenta muitos problemas, e este só aumenta as dificuldades”, comentou Noor Mimad, durante um evento organizado pela Confederação das Associações Económicas (CTA), no qual o Governo anunciou uma linha de crédito bonificada de 156 milhões de dólares (10 mil milhões de meticais) para apoiar empresas afectadas pelas recentes manifestações violentas.
O empresário salientou que a ausência de uma ligação aérea directa entre Moçambique e Portugal não prejudica apenas a economia nacional, mas também a atractividade do País como destino turístico. “É mau para o País, é mau para a economia, é mau para o turismo, é mau para os passageiros e para o público em geral, não há dúvidas”, afirmou.
Apesar de reconhecer que a rota acumulava prejuízos há muito tempo, Mimad defendeu existirem formas de a tornar viável. “Talvez o acordo com quem estávamos a trabalhar não fosse dos melhores, os custos não fossem benéficos, e isso fez com que a rota não resultasse. Mas acredito que, havendo vontade e mais procura no mercado internacional, possamos conseguir melhores acordos para que esta rota seja sustentável”, referiu.
Em 2023, Moçambique arrecadou aproximadamente 221 milhões de dólares em receitas do turismo internacional
O impacto da decisão sobre o turismo moçambicano é inevitável, especialmente num momento em que o sector luta para recuperar dos desafios impostos pelos últimos anos. “É claro que isso impacta directamente o turismo, que já tem muitos problemas, e este vai apenas agravar a situação”, alertou Mimad.
O gestor da Cotur reforçou que o sector privado está disposto a colaborar com o Governo para encontrar soluções que minimizem os efeitos da suspensão da rota e garantam a sustentabilidade da aviação no País. “O que interessa é que as coisas estão a acontecer e, quando há vontade política, os problemas podem ser resolvidos”, afirmou.
Para Mimad, o futuro do turismo em Moçambique depende de uma estratégia robusta que reforce a conectividade aérea e garanta um fluxo contínuo de visitantes internacionais. “Portugal é um país lusófono com um potencial incrível para o turismo moçambicano e para a economia do País. A LAM tem tudo para dar certo, mas precisa de uma melhor gestão, de injecção de capital e de mais oferta para que possa responder à procura”, concluiu.
A decisão de suspender os voos directos entre Maputo e Lisboa foi oficialmente anunciada pela Linhas Aéreas de Moçambique no dia 18 de Fevereiro. De acordo com a companhia, a medida deveu-se aos elevados prejuízos acumulados desde o lançamento da rota, ultrapassando os 21 milhões de dólares (1,3 mil milhões de meticais).
Texto: Felisberto Ruco