Setor apela para legislação “transparente” para biocombustíveis

No âmbito do lançamento do Tour d’Europe, iniciativa que tem como objetivo percorrer 20 países com veículos alimentados por biocombustíveis até junho para demonstrar o seu potencial na descarbonização, várias empresas da cadeia de valor da indústria automóvel e energética reuniram-se para debater os desafios e potencialidade deste combustível renovável produzido, por exemplo, através de óleos alimentares usados.
 
Para a administradora da Bosch, Claúdia Ribeiro da Silva, os biocombustíveis devem ser encarados como uma alternativa e complementaridade à eletrificação. Só assim, segundo a gestora da empresa que é parceira na área da tecnologia da Tour d’Europe, é que será possível atingir a meta da União Europeia de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa dos transportes em 90%, em comparação com os níveis de 1990.
“Os combustíveis renováveis já estão disponíveis em toda a Europa de forma abrangente. Mas para haver investimento é preciso que alguém legisle de forma clara e concisa”, defendeu.
Já o administrador da empresa Transportes Aguieira, Pedro Cordeiro, aproveitou para lembrar que uma das vantagens desta solução é o facto de os “motores de combustão estarem preparados para receber biocombustíveis”, não é preciso renovar as frotas.
“A descarbonização está aqui, temos soluções e são viáveis. Só há que legislar de forma prática e transparente, em igualdade com as outras”, acrescentou a administradora da Bosch.
Uma posição partilhada pela ‘chief operating officer (COO) (administradora com o pelouro das operações) da Prio: “Se queremos realmente reduzir em 90% [os gases com efeito de estufa] vamos precisar de todos”, alertou Anabela Antunes.
“Os biocombustíveis nunca foram muito sexy. Hoje temos [o tema do] hidrogénio, amanhã vai haver outra coisa. Temos de deixar que o mercado e a inovação encontrem o caminho para as metas que queremos alcançar para a descarbonização”, referiu, acrescentando que “ainda há muito a fazer” e “é preciso mudar alguma legislação”.
Aproveitando que a transposição para o quadro nacional da diretiva europeia RED III (Renewable Energy Directive, na sigla em inglês) está para breve, o setor apelou para que o Governo aproveite e olhe para os biocombustíveis.
O apelo não é de hoje, já pelo menos desde 2022 que o setor alertava, por exemplo, para o vazio legal da taxa de obrigatoriedade de incorporação de biocombustível na gasolina e no gasóleo.
A secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA), Ana Calhôa, não tem dúvidas de que os biocombustíveis não têm um tratamento igual face às outras renováveis.
“A verdade é que nunca estiveram em pé de igualdade”, lamentou.
Já o secretário-geral da EPCOL – Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes, António Comprido, foi mais longe e considerou que o “pecado mortal dos políticos e legisladores a nível nacional e europeu é acharem que sabem qual é a solução, desprezando o triângulo virtuoso para se conseguir chegar a bom termo”. A ciência, o mercado e os consumidores constituem o triângulo virtuoso apontado pelo responsável da antiga APETRO.
António Comprido lamentou ainda que não haja uma estratégia nacional para os biocombustíveis como existe, por exemplo, para o biometano ou hidrogénio.
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