Qual o Papel da Mulher na Economia? • Diário Económico

a d v e r t i s e m e n tNeste mês da mulher moçambicana, cujo dia se assinala a 7 de Abril, é oportuno destacar vozes que ajudaram a debater o papel feminino na economia. Entre elas encontramos Esther Duflo.

O trabalho de Esther Duflo tem moldado a discussão sobre igualdade de género e pobreza, um dos eternos debates em Moçambique. A desigualdade de oportunidades, em relação ao homem, verifica-se a todos os níveis, incluindo a formação e o acesso ao financiamento.

A autora escreveu sobretudo sobre os países em desenvolvimento e argumenta que a desigualdade de género não é apenas uma questão de justiça social, é um entrave ao desenvolvimento económico. Investir na educação das mulheres e garantir a sua participação activa na economia gera benefícios, a longo prazo, reduzindo a pobreza e promovendo o crescimento sustentável.a d v e r t i s e m e n t

Um dos seus principais estudos explorou a relação entre a emancipação feminina e as decisões financeiras em famílias de baixo rendimento. Os resultados indicaram que mulheres com maior autonomia investem mais na saúde e educação dos filhos, quebrando ciclos intergeracionais de pobreza. Esta ideia encontra paralelos em Moçambique, onde as mulheres são frequentemente responsáveis pelo sustento doméstico, mas às quais é negado acesso a financiamento, terra e oportunidades formaisde emprego.

Aplicação prática e desafios

As ideias de Esther Duflo têm sido aplicadas através de políticas de microcrédito e programas de transferência de rendimento, iniciativas que, em vários países, melhoraram a inclusão económica das mulheres, mas nem sempre da mesma maneira. Nalgumas regiões, a resistência cultural e a persistência de normas patriarcais limitaram a influência das medidas. No caso de Moçambique, são necessárias soluções adaptadas ao contexto local, combinando incentivos económicos com intervenções sociais. Os benefícios do acesso às tecnologias para a autonomia económica feminina tem sido um dos novos campos de estudo inspirado pelas pesquisas de Duflo. A inclusão digital, com plataformas de serviços financeiros, pode ser a porta de entrada para oportunidades no mercado de trabalho, promovendo o empreendedorismo sem as barreiras físicas que tradicionalmente as limitam.

Um dos principais estudos de Esther Duflo concluiu que mulheres que têm maior autonomia económica investem mais na saúde e educação dos filhos

Quotas no mercado de trabalho

Outro ponto relevante nos argumentos de Duflo é a necessidade de políticas públicas que incentivem a equidade de género no mercado de trabalho formal.

Iniciativas como quotas para mulheres em cargos de liderança e incentivos fiscais para empresas que promovam a diversidade podem ser estratégias eficazes. Moçambique pode seguir o exemplo de países que implementaram tais políticas e obtiveram resultados positivos ao nível da inclusão, caso das Seicheles, entre outros.

Uma trajectória brilhante

O Prémio Nobel de Economia de 2019 foi concedido a três pessoas. A única mulher é Esther Duflo, que foi distinguida ao lado de Michael Kremer e Abhijt Banerjee. Na altura com 46 anos,  a economista era a segunda mulher a ganhar o prémio nesta área (antes, apenas Elinor Ostrom tinha sido laureada com este prémio, em 2009).

O título mais famoso de Duflo, traduzido para 17 línguas (“A economia dos pobres: repensar de modo radical a luta contra a pobreza global”), reflecte a sua extensa produção dedicada ao estudo da pobreza e de políticas públicas para mitigá-la. Uma obra que transita pelas finanças, saúde, governança e educação, e que a levou a conquistar inúmeros prémios relevantes. As suas pesquisas em educação e saúde foram realizadas em diversos países, como Gana, Indonésia, Índia, Marrocos e Quénia.

Lições para Moçambique

Para que Moçambique beneficie do pensamento de Esther Duflo, é fundamental investir na educação feminina, ampliar o acesso ao crédito para mulheres empreendedoras e promover programas de protecção social. É também essencial que as acções sejam acompanhadas por um esforço para mudar normas sociais que restringem a participação plena das mulheres na economia. Esther Duflo demonstra que equidade de género não é apenas uma questão moral, mas uma premissa para o desenvolvimento económico. É um convite à reflexão e à acção, neste mês da mulher moçambicana: a construção de uma economia mais justa e produtiva depende da plena participação feminina.

Ênfase na educação infantil

Assegurar educação inclusiva e de qualidade, com oportunidades de aprendizagem para todos é uma das prioridades defendidas por Esther Duflo, a ser levada a sério pelos governos, e sugere um caminho para alcançá-la: a educação infantil. Para a economista, a primeira etapa da educação básica não só traz grandes retornos, como evita problemas futuros. “Há muito trabalho a ser feito. Claro, parte dele tem de acontecer em todos os níveis de educação, mas a evidência sugere que o sucesso do investimento nos primeiros anos pode ter um impacto com diferentes proporções ao longo de toda a vida. E as falhas nestes anos (iniciais de educação) são difíceis de recuperar”, afirmou em meados do ano passado, por ocasião de um simpósio internacional de educação infantil realizado do Brasil.

Texto: Celso Chambisso • Fotografia: D.Ra d v e r t i s e m e n t

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