
Investimento da Rede Aga Khan Impulsiona Indústria Têxtil • Diário Económico
A indústria têxtil moçambicana dá sinais de revitalização, com a MozTex, um investimento da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), a consolidar-se no mercado e a projectar-se como um dos principais fornecedores de vestuário na África Austral, segundo informou a Lusa.
Com uma produção anual de 5,8 milhões de peças exportadas, sobretudo para a África do Sul, a fábrica instalada na Matola, nos arredores de Maputo, surge como um símbolo da recuperação do sector, depois do colapso da antiga TEXLOM, outrora a maior referência têxtil do País.
“A nossa produção tem vindo a ser, de ano para ano, alavancada. De 2022 para 2023, por exemplo, aumentámos a produção em 1,5 milhão de peças, atingindo as 5,8 milhões de unidades exportadas para a África do Sul”, revelou Rui Carimo, adjunto do representante diplomático da Rede Aga Khan.
A MozTex foi criada há 15 anos com um investimento superior a 6 milhões de dólares (384 milhões de meticais), para reabilitar as instalações da antiga TEXLOM, que durante décadas desempenhou um papel estratégico no sector têxtil moçambicano. O processo não foi fácil e, segundo Rui Carimo, os primeiros 12 anos da empresa registaram prejuízos, sobretudo devido ao desafio de requalificação da mão-de-obra local.
“O primeiro grande investimento foi a formação. Tivemos de capacitar os trabalhadores do zero, pois não havia experiência no sector”, explicou. Actualmente, a empresa conta com cerca de 1300 funcionários, dos quais a maioria são mulheres.
Além do impacto económico, o projecto tornou-se uma referência na inclusão social, oferecendo formação e oportunidades de emprego para centenas de mulheres. Entre elas está Carla António, que começou como operária e hoje lidera uma equipa dentro da empresa.
“Eu fui formada em 2009 e depois treinada para formar outros trabalhadores. No início, muitos não sabiam sequer como colocar uma linha na agulha. Hoje, temos uma força de trabalho qualificada”, disse à Lusa.
Celeste Alexandre, outra funcionária da MozTex, destaca a transformação que a capacitação proporcionou à sua vida. “Quando entrei, não sabia nada. Mas aprendi aqui e hoje até tenho a minha própria máquina em casa, o que me permite gerar rendimento extra”, contou.
Com um crescimento sustentado, a MozTex procura expandir a sua presença no mercado regional e consolidar Moçambique como um centro têxtil competitivo na África Austral. A empresa mantém negociações para ampliar a sua rede de exportação e aposta na diversificação da produção.
O investimento da Rede Aga Khan, que inicialmente atendeu a um apelo do Estado moçambicano para a revitalização do sector, já apresenta resultados concretos. Agora, a ambição é ampliar a produção e fortalecer o posicionamento do país na indústria têxtil regional.
“Este é um projecto de longo prazo. Queremos que Moçambique volte a ser um pólo têxtil de referência, aproveitando a experiência que já implementámos no Quénia”, concluiu Rui Carimo.
Com o sucesso da MozTex, Moçambique começa a reencontrar o caminho para recuperar o estatuto de potência têxtil na África Austral, apostando na qualificação da sua mão-de-obra e na atracção de novos mercados.