
“Financiamento ao Gás em Moçambique Vai Criar Mais de 16 Mil Empregos Nos EUA” • Diário Económico
O Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (Exim Bank) aprovou uma ampliação do financiamento ao megaprojecto de gás natural em Cabo Delgado, Moçambique, reforçando o envolvimento norte-americano na iniciativa e evitando, segundo a própria instituição, que a aquisição de equipamentos recaísse sobre fabricantes chineses e russos.
A deliberação foi tomada por unanimidade no passado dia 13 de Março pelo conselho de administração do Exim Bank, que deu luz verde à segunda emenda de um empréstimo de até 296 mil milhões de meticais (4,7 mil milhões de dólares), originalmente concedido em 2019. O apoio destina-se à exportação de bens e serviços dos Estados Unidos para a construção do projecto integrado de Gás Natural Liquefeito (LNG) em Afungi, Norte de Moçambique, liderado pela TotalEnergies.
“O apoio agora reafirmado permitirá exportar equipamento norte-americano para Moçambique, algo que, em vez disso, teria ido para fabricantes chineses e russos, não fosse a liderança do Presidente Trump em reautorizar esta operação”, declarou Jim Burrows, vice-presidente do Exim Bank, citado num comunicado da instituição.
A decisão representa, segundo o banco, a maior operação de financiamento da sua história, contribuindo para a criação e manutenção de cerca de 16 400 empregos bem remunerados nos Estados Unidos, distribuídos por mais de 68 empresas em 14 estados norte-americanos.
O financiamento insere-se num investimento total de cerca de 945 mil milhões de meticais (15 mil milhões de dólares), que visa a edificação de uma fábrica de LNG onshore, bem como de infra-estruturas marítimas associadas. O projecto encontrava-se suspenso desde 2021, após ataques armados em Cabo Delgado que levaram à retirada do pessoal da TotalEnergies e à activação da cláusula de força maior.
A retoma do projecto depende ainda da reconfirmação de outros financiamentos internacionais e da consolidação da segurança na região, onde actuam forças de apoio do Ruanda. Contudo, segundo Maxime Rabilloud, director da TotalEnergies em Moçambique, “a aprovação do Exim Bank é um passo crítico” para a reactivação plena das obras. O consórcio asiático já confirmou os seus compromissos financeiros, e apenas resta o aval final de bancos europeus.
O Presidente da República, Daniel Chapo, agradeceu formalmente o apoio norte-americano numa missiva enviada ao homólogo dos Estados Unidos, salientando que este financiamento é “crucial para o avanço do projecto”, com potencial para gerar até 40 mil empregos, incluindo cerca de 20 mil postos de trabalho nos Estados Unidos.
“O vosso apoio permite a participação activa de empresas norte-americanas em Moçambique e contribui para a segurança energética global, no quadro de uma parceria sólida entre os nossos dois países”, escreveu o chefe do Estado.
Além do montante principal, o Exim Bank prevê receber cerca de 37,8 mil milhões de meticais (600 milhões de dólares) em juros. O projecto Mozambique LNG, inserido na Área 1 da bacia do Rovuma, é um dos três megaprojectos de gás em curso no País e considerado estratégico para a diversificação da matriz energética mundial, num contexto de crescentes tensões geopolíticas e de concorrência por mercados emergentes entre potências ocidentais e asiáticas.
Desde 2017, Cabo Delgado enfrenta uma insurreição armada com contornos jihadistas, que já provocou milhares de mortos e mais de um milhão de deslocados, afectando severamente a estabilidade social e económica da província.
Fonte: Lusa