
Estudo Aponta Para o Encerramento da Sasol Até 2030 Devido a “Diversos Desafios”. Empresa Refuta as Previsões • Diário Económico
Um estudo publicado recentemente pela Trade & Industrial Policy Strategies (TIPS) sugere que a fábrica de Secunda, uma das principais instalações da empresa na África do Sul, poderá ser encerrada até 2030, em consequência de uma série de desafios ambientais e económicos. No entanto, a empresa refuta estas previsões e reafirma o seu compromisso com a transição energética, apontando para uma fase de renovação em vez de um declínio.
Segundo um artigo publicado na sexta-feira, 21 de Fevereiro, no portal de notícias Engineering News, a Sasol, responsável por uma parte significativa da produção de produtos petroquímicos essenciais para indústrias como fertilizantes e plásticos, enfrenta pressões crescentes devido ao imposto sobre o carbono e ao Mecanismo de Ajustamento das Fronteiras em matéria de Carbono da União Europeia (Mecanismo CBAM, na sigla em inglês). Estas medidas, associadas ao esgotamento das reservas de carvão e gás, estão a afectar directamente a viabilidade das suas operações, especialmente nas localidades de Sasolburg e Secunda, na África do Sul, e no sul de Moçambique, de onde a empresa extrai gás natural.
O impacto ambiental e económico das actividades da petrolífera no País, onde explora campos de gás, é considerável. A empresa é uma das principais responsáveis pela exploração de gás em Moçambique, sendo este recurso crucial para complementar a produção da sua fábrica em Secunda. No entanto, as reservas estão a diminuir e a empresa já enfrenta dificuldades para manter o ritmo de produção exigido pelas suas instalações.
O engenheiro químico Bruce Young alerta para um “precipício de gás iminente” em Inhambane, onde as operações de exploração enfrentam um futuro incerto, à medida que as reservas de gás se esgotam. Para a Sasol, que depende em grande parte do gás natural do País para sustentar a produção, a situação torna-se delicada, especialmente com o aumento da procura por gás natural liquefeito no mercado global, o que eleva os custos operacionais.
Estudo aponta para o encerramento da Sasol até 2030, mas a empresa nega as previsões
Além disso, as ambiciosas metas de descarbonização da Sasol, que visam reduzir as emissões de CO2 em 30% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050, estão a colocar a empresa sob uma pressão adicional. O CEO da TH EcoVentures, Tristan Hahn, aponta que a Sasol poderá ser forçada a reconfigurar toda a sua operação, particularmente nas suas unidades mais intensivas em carbono, como a de Secunda, que emite cerca de oito toneladas de CO2 por cada tonelada de produto produzido.
A Sasol, por sua vez, discorda das previsões pessimistas. A empresa garante que não está a caminho de um “ocaso”, mas sim a atravessar uma fase de renovação, com foco na maximização da eficiência energética e na transição para fontes renováveis. O vice-presidente executivo de estratégia e tecnologia da petrolífera, Sarushen Pillay, assegura que o encerramento da fábrica de Secunda é a última opção e que estão a ser feitos esforços significativos para integrar a energia renovável nas suas operações. A multinacional já firmou contratos para comprar 750 Megawatts (MW) de energia renovável e espera aumentar o valor para 1,2 GW até 2030.
O impacto ambiental e económico das actividades da petrolífera no País, onde explora campos de gás, é considerável. A empresa é uma das principais responsáveis pela exploração de gás em Moçambique, sendo este recurso crucial para complementar a produção da sua fábrica em Secunda.
Apesar destas medidas, a empresa está a ser forçada a enfrentar um dilema estratégico entre continuar a depender de combustíveis fósseis ou investir pesadamente em alternativas mais sustentáveis. O futuro da Sasol, especialmente em Moçambique, onde a sua presença é crucial tanto para a economia local como para o fornecimento de energia, dependerá da capacidade da empresa de equilibrar os seus compromissos de descarbonização com as necessidades económicas e de produção.
O Engineering News escreve que a transição energética da Sasol não será fácil, e a pressão sobre os seus negócios, tanto na África do Sul como em Moçambique, deverá aumentar nos próximos anos. A empresa terá de navegar entre os desafios da descarbonização, a escassez de recursos naturais e as exigências do mercado global por práticas mais sustentáveis.