Em troca de um perdão presidencial, Trump poderá ficar com participação na Binance

A aproximação de Donald Trump ao setor das criptomoedas é cada vez mais palpável. Entre reservas cripto, pressão para passar legislação e esforços para fazer com que a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) deixe cair alguns processos contra empresas da indústria, o Presidente dos EUA continua a avançar com os seus planos de tornar o país na “capital dos criptoativos” – e colher os frutos destes esforços. Esta quinta-feira, o Wall Street Journal revelou que representantes da família Trump terão mesmo negociado uma possível participação no braço norte-americano da plataforma de criptomoedas Binance.

Esta aproximação entre o Presidente norte-americano e a empresa acontece apesar do passado conturbado da Binance. Em novembro de 2023, o fundador e até então CEO da plataforma, Changpeng Zhao (conhecido como CZ), resignou ao cargo, depois de se ter declarado culpado num processo de lavagem de dinheiro. O empresário chegou a servir quatro meses de prisão e foi condenado a pagar uma multa de 50 milhões de dólares. Já a Binance ficou com um encargo de 4,3 mil milhões.

Nos últimos tempos, CZ tem tentado obter um perdão presidencial por parte da administração Trump para poder assumir novamente as rédeas da Binance, de acordo com o mesmo jornal. Apesar de ter resignado do cargo de CEO, Zhao continua a ser o maior acionista da plataforma e pode estar mesmo a usar o seu poder de influência dentro da Binance para garantir uma participação para o Presidente dos EUA, em troca de um perdão. No entanto, ainda não é claro se esta participação na empresa seria assumida pelo próprio Presidente dos EUA ou através da sua empresa ligada ao setor dos criptoativos, a World Liberty Financial, lançada em setembro do ano passado.

Na semana passada, Trump assinou uma ordem executiva para a criação de uma “reserva estratégica” da criptomoeda bitcoin, com ativos apreendidos pela justiça norte-americana. Este movimento acabou por desiludir os investidores e os “stakeholders” da indústria, uma vez que o líder da maior economia do mundo tinha prometido anteriormente reforçar esta reserva com a compra de bitcoin e mais uma série de moedas digitais.

Os planos não ficaram totalmente fora da mesa, mas a aproximação de Trump ao setor tem-se tornado cada vez mais clara. O Presidente dos EUA já lançou a sua própria “meme coin” e criou uma “task force” dentro da própria SEC para regular o setor dos criptoativos. No rescaldo desta decisão, o regulador norte-americano deixou cair o processo que já tinha em curso contra a Coinbase e adiou a batalha judicial com a Binance – que pode, agora, vir a ter o nome de Donald Trump entre os seus acionistas.