
CAP exige ao Governo que proteja fileira do vinho face a guerra de tarifas – Empresas
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) exige ao Governo que “proteja ativamente a fileira do vinho português”, “fortemente penalizada” na sequência da guerra de tarifas entre os Estados Unidos e a União Europeia, instando-o a “apresentar um plano robusto”, no curto prazo, que reforce as verbas destinadas à promoção para que o setor possa crescer noutros mercados externos.
Em comunicado, enviado às redações, a CAP sustenta que o Governo, apesar de demissionário, possui todas as competências e condições” para proteger a fileira do vinho português, que “contabiliza mais de 300 mil operadores em todos os elos da cadeia de valor, desde a produção à venda”. Com efeito, não são apenas os produtores que exportam para os EUA que são afetados, é toda a fileira que perde com a degradação de condições comerciais e de mercado daí decorrentes”, enfatiza.
Em causa está a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um aumento de 200% das tarifas sobre vinhos europeus, em resposta ao anúncio da União Europeia que, em jeito de retaliação contra o aumento das tarifas sobre as importações de aço e alumínio, anunciou que vai impor taxas sobre produtos vindos dos EUA tais como bourbon.Apesar de lembrar que existe uma Organização Mundial do Comércio para procurar resolver os diferendos entre os Estados-Membros, a CAP sustenta que “a União Europeia não pode obviamente assistir impávida a imposições de tarifas aduaneiras por qualquer Estado e deve responder rápida, proporcional, mas inteligentemente a qualquer ataque aos seus interesses”, embora apele a que haja um racional por detrás das decisões.
“Retaliar por retaliar, não cuidando das consequências para a economia e para a sociedade é algo que, em absoluto, tem que ser evitado por quem nos governa, em Portugal e em Bruxelas. Nesse sentido, o Governo português deve contribuir para minimizar esta situação, exigindo de Bruxelas uma reponderação cuidadosa dos produtos abrangidos”.
Além disso, “porque o setor não pode ficar à espera que este problema se resolva – ou que outro entretanto surja – é imprescindível que o Governo elabore um plano robusto de reforço financeiro para a promoção dos vinhos portugueses para que as empresas possam ter capacidade de ganhar quota em mercados alternativos de exportação”, diz, recordando que, no ano passado, as exportações de vinho para o mercado norte-americano valeram cerca de 100 milhões.”Sem prejuízo de a situação das tarifas UE/EUA poder vir a ser pontualmente resolvida, não existem quaisquer garantias de que uma vez o problema ultrapassado ele não regresse ainda com mais força”, pelo que “lidar com a imprevisibilidade obriga a agir de forma ágil e célere e o Governo tem, por isso, a obrigação de facilitar a abertura de mercados alternativos para as exportações de vinho português”. E isso – aponta – “faz-se com o reforço de verbas para a promoção para que as associações e os empresários possam fazer aquilo que sempre fizeram em momentos de crise e de dificuldade: procurarem mercado para continuarem a estar em atividade, assegurando emprego e a criação de riqueza”.