O segundo dia da 3.ª Conferência sobre Biodiversidade Marinha, que decorreu esta quinta-feira, 4 de Setembro, acolheu a sessão dedicada à apresentação de estudos, onde jovens investigadoras e estudantes universitárias partilharam experiências inovadoras no campo da educação ambiental. A música, o teatro, a literatura infantil, a arte e até jogos lúdicos foram destacados como ferramentas capazes de aproximar crianças e comunidades da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. A licenciada em Ciências Biológicas Líria Luís Mário Artur apresentou o estudo “Uso da música como ferramenta de educação ambiental na conservação do mangal: caso de estudo no distrito de Mecúfi e cidade de Pemba”. A investigadora destacou que a exploração excessiva dos mangais ameaça seriamente a fauna e a flora, e defendeu a música como um meio eficaz de sensibilização. Através de uma canção adaptada às línguas locais, ensaiada em quatro escolas com 167 alunos, o projecto demonstrou ganhos significativos de aprendizagem e retenção de conhecimento. “A música revelou-se uma ponte entre a ciência e a cultura, facilitando a compreensão e a valorização do mangal entre os mais novos”, afirmou. Também a bióloga Delfina Amândio Talipo partilhou o estudo “Impacto da educação ambiental nas escolas primárias da zona costeira de Mecúfi”, desenvolvido no âmbito do projecto ProRes. A investigação, baseada em métodos qualitativos e quantitativos, avaliou práticas pedagógicas em escolas primárias e concluiu que o teatro e a música são as actividades mais eficazes para a consciencialização sobre a importância dos mangais. Segundo a autora, 70% dos alunos identificaram o teatro como a acção de maior impacto, seguido da música. “A educação ambiental nas escolas primárias é determinante não só para as crianças, mas também para as suas famílias, que acabam por ser influenciadas pelas mensagens levadas pelos filhos”, sublinhou. Já a estudante de Arquitectura e Planeamento Físico da UEM, Cíntia de Laiza Raposo, apresentou a reflexão “Promoção da cultura oceânica: jovens e escolas na conservação marinha”. O estudo apostou na criação de livros infantis ilustrados para introduzir conceitos de literacia oceânica em turmas da terceira classe, em Maputo. A experiência mostrou que as crianças se envolvem mais quando têm acesso a ferramentas visuais e interactivas, o que reforça a importância da criatividade no ensino. “Promover a cultura oceânica desde cedo é formar adultos conscientes, capazes de assumir responsabilidades na defesa do meio marinho”, afirmou. A sessão encerrou com a intervenção da mestranda em Biologia de Conservação, Nélia Benedita Tomo, que apresentou o projecto Eco-Acção, desenvolvido no Bairro da Liberdade, em Maputo. A iniciativa envolveu 21 crianças e adolescentes em actividades de desenho, projecção de filmes, teatro, debates e campanhas de limpeza comunitária. O projecto incluiu ainda jogos educativos e a doação de resíduos recicláveis ​​a moradores que vivem da sua recolha. “O Eco-Acção superou todas as minhas expectativas e provou que as crianças não são apenas beneficiárias, mas protagonistas da conservação. São 21 futuros líderes ambientais formados no bairro”, destacou Nélia Tomo, acrescentando que pretende expandir o projecto para outras comunidades. A sessão demonstrou que a educação ambiental, quando criativa, participativa e culturalmente adaptada, pode transformar crianças e jovens em agentes de mudança. Para os especialistas presentes, estas experiências reforçam que a conservação dos ecossistemas marinhos e costeiros depende tanto de políticas públicas como da mobilização das novas gerações. Texto: Nário Sixpene

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