Um estudo publicado na revista NPJ Robotics revelou que cientistas transformaram espermatozóides em microrrobôs controlados magneticamente que são visíveis em tempo real usando raios X. Esta descoberta pode abrir caminho para tratamentos de fertilidade, diagnósticos de infertilidade e até mesmo terapias direccionadas para doenças como o cancro do útero.

A investigação foi conduzida pelo TechMed Centre da Universidade de Twente (Países Baixos), em colaboração com o Radboud UMC e a Universidade de Waterloo (Canadá). Os cientistas revestiram os espermatozóides com nanopartículas magnéticas de óxido de ferro. Este processo tornou-os sensíveis a campos magnéticos externos e, pela primeira vez, visíveis sob raios X.

Em testes realizados num modelo anatómico em tamanho real do sistema reprodutor feminino, os investigadores guiaram os robôs desde o colo do útero até às trompas de falópio, onde ocorre a fertilização. De acordo com o professor Islam Khalil, principal autor do estudo, a ideia é transformar “o próprio sistema de entrega de células da natureza em microrrobôs programáveis”.

Segundo o site Canaltech, esses microrrobôs podem transportar medicamentos directamente para áreas de difícil acesso, como o útero e as trompas de falópio, oferecendo uma alternativa para o tratamento de miomas, endometriose e até mesmo cancro do útero. O acompanhamento do movimento dos espermatozóides em tempo real pode ajudar a desvendar casos de infertilidade inexplicável e melhorar as técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.

Outro ponto relevante é a segurança: após 72 horas de exposição a células uterinas humanas, os microrrobôs não apresentaram toxicidade significativa, portanto, podem ter aplicações clínicas futuras.

O estudo, intitulado “Sperm Cell Empowerment: X-Ray-Guided Magnetic Fields for Enhanced Actuation and Localization of Cytocompatible Biohybrid Microrobots” (Capacitação das células espermáticas: campos magnéticos guiados por raios X para melhor actuação e localização de microrrobôs bio-híbridos citocompatíveis), mostra que a combinação da biologia e da robótica pode revolucionar a forma como tratamos problemas reprodutivos e doenças ginecológicas.

Com a capacidade de visualizar e controlar os espermatozóides como nunca antes, os investigadores acreditam que o robô espermático é apenas o início de uma nova era na medicina microrrobótica.

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