Num artigo publicado hoje na sua conta da rede social WeChat e citado pela agência de notícias EFE, o Ministério da Segurança do Estado da China divulgou o caso de um internauta, chamado Chen que, surpreendido pelo barulho de aviões a voar a baixa altitude, iniciou uma transmissão ao vivo, “partilhando publicamente imagens tiradas da sua janela em tempo real dos movimentos de aeronaves militares”.
Segundo o Ministério, o internauta foi alertado por algumas pessoas da audiência através dos comentários, que o informaram de que não deveria estar a transmitir esse conteúdo, mas a transmissão continuou, tendo o cidadão “tentado aumentar as visualizações” no seu canal, mesmo após receber uma chamada de advertência da base aérea, à qual respondeu com insultos.
A transmissão durou quase uma hora, somou 20.000 visualizações e levou à divulgação contínua de “informações dinâmicas sobre operações militares, tipos de aeronaves e horários de descolagens e aterragens, o que representa uma séria ameaça à segurança militar da China”, afirmou a publicação oficial.
O Ministério abriu uma investigação sobre o ocorrido, que pode resultar numa pena de prisão até dez anos para o internauta, embora o comunicado oficial não especifique se Chen já foi julgado ou se está detido.
“Chen é suspeito de divulgar intencionalmente segredos de Estado e a sua decisão imprudente de desafiar a lei através da retransmissão terá inevitavelmente sérias consequências legais”, indicou o Governo chinês.
As autoridades pediram ainda à população que não deixe que a busca pela fama na Internet se torne num motivo que leve ao crime e lembraram que atividades aparentemente inofensivas, como transmitir ao vivo ou partilhar localizações ou fotografias, podem potencialmente levar à “fuga de segredos de Estado e pôr em risco a segurança nacional”.
“O ciberespaço não é um terreno sem lei e qualquer ato que ultrapasse os limites da legalidade enfrentará uma punição severa”, alertou a Segurança do Estado do país asiático.
O Ministério dá conta, periodicamente, na sua conta oficial no WeChat, de casos de espionagem e tem pedido repetidamente aos cidadãos chineses que desconfiem de ofertas de emprego ou solicitações de informações suspeitas, especialmente provenientes de fontes estrangeiras, e que evitem partilhar dados confidenciais na Internet.
Em 2023, o Ministério pediu a mobilização de toda a sociedade para “prevenir e combater a espionagem” e anunciou uma série de medidas para “reforçar a defesa nacional” contra “atividades de inteligência estrangeiras”.
Leia Também: IA será “como jogo do gato e do rato” na criação e deteção de ‘fake news’