As reservas obrigatórias dos bancos comerciais registaram uma queda acumulada de 29% ao longo de 2025, reflexo das medidas de flexibilização monetária adoptadas pelo Banco de Moçambique (BdM), num esforço para reforçar a liquidez do sistema financeiro nacional, tal como informou a Lusa.
Segundo dados actualizados, o volume de reservas bancárias junto do banco central caiu em Setembro para 207,1 mil milhões de meticais (2,8 mil milhões de dólares), atingindo o nível mais baixo em mais de seis meses. No final de 2024, as reservas atingiam 291,5 mil milhões de meticais (3,9 mil milhões de dólares), marcando um pico antes da decisão de aliviar os coeficientes obrigatórios.
A descida decorre da deliberação do Comité de Política Monetária (CPMO), que em Janeiro reduziu os coeficientes de reservas obrigatórias de 39% para 29% em moeda nacional, e de 39,5% para 29,5% em moeda estrangeira, após meses de pressão do sector privado sobre a escassez de divisas no mercado cambial, “visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”, justificou o CPMO num comunicado.a d v e r t i s e m e n t
A medida foi bem acolhida pelos empresários, sobretudo dos sectores importadores e produtivos, que enfrentavam dificuldades de acesso a moeda externa, essenciais para sustentar operações e investimentos.
O governador do BdM, Rogério Zandamela, afirmou em Março que os níveis de liquidez, particularmente em divisas, tornaram-se “suficientes” após a revisão dos coeficientes, afastando novas alterações no curto prazo. As decisões subsequentes do CPMO confirmaram essa posição, mantendo os indicadores inalterados.
Entre Dezembro de 2022 e o fim de 2024, o volume de reservas obrigatórias chegou a subir quase 400%, impulsionado por políticas de contenção da inflação e gestão de liquidez. Agora, com a recuperação económica ainda moderada e desafios cambiais persistentes, o banco central aposta num equilíbrio entre disciplina monetária e estímulo à actividade produtiva.

