O Banco de Moçambique (BdM) reduziu esta sexta-feira (14) a taxa de juro de política monetária (MIMO) para 9,5%, marcando o 11.º corte consecutivo. A decisão surge apesar das preocupações com atrasos no pagamento da dívida pública interna, que continuam a afectar o mercado financeiro.
“Esta modesta redução reflecte o agravamento dos riscos e incertezas associados às perspectivas da inflação, com destaque para o atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado. As perspectivas da inflação mantêm-se em um dígito no médio prazo. Em Outubro de 2025, a inflação anual fixou-se em 4,83% após 4,93% em Setembro”, declarou o governador do BdM, Rogério Zandamela, em Maputo, após a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO).
A taxa de juro directora esteve fixada em 17,25% desde Setembro de 2022, após intervenção do BdM, iniciando cortes consecutivos a partir de 31 de Janeiro de 2024, quando desceu para 16,5%. Em Março do ano passado, o banco reduziu para 15,75%, continuando sucessivamente até atingir 9,75% em Setembro e agora 9,5%.
Rogério Zandamela alertou que o “endividamento público interno continua a agravar-se”, afectando o funcionamento normal do mercado financeiro. O responsável detalhou que a dívida pública interna, incluindo contratos de mútuo e locação, e as dívidas ou obrigações financeiras que não foram pagas no prazo estabelecido, situam-se em 465,8 mil milhões de meticais (7,2 mil milhões de dólares).
Este valor representa um aumento de 50,3 mil milhões de meticais (780,3 milhões de dólares) em relação a Dezembro de 2024. O atraso nos pagamentos pelo Estado tem reduzido a apetência por títulos públicos e tornou as taxas de juro do mercado interbancário mais rígidas, reforçando os riscos para a economia.
“Os riscos e incertezas associados às perspectivas da inflação mantêm-se elevados. No médio prazo, para além dos efeitos dos choques climáticos e da lentidão na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços, destaca-se o atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado”, acrescentou Rogério Zandamela.
Neste contexto, o CPMO reafirmou o compromisso de manter uma política monetária prudente, orientada para a estabilidade macroeconómica. O governador reforçou que, “em face do agravamento dos riscos e incertezas, a postura da política monetária estará doravante condicionada à avaliação de riscos e incertezas subjacentes às perspectivas da inflação”.
O CPMO reúne-se de dois em dois meses, sendo a próxima sessão agendada para 28 de Janeiro de 2026, quando novas decisões poderão ajustar a política monetária em função das condições económicas do País.
Fonte: Lusaa d v e r t i s e m e n t

