a d v e r t i s e m e n tO governador do Banco de Reserva da África do Sul (SARB), Lesetja Kganyago, afirmou esta quinta-feira (30) que não existe razão para adiar o esforço de redução da meta de inflação para 3%, apesar da persistência de pressões inflacionistas resultantes dos preços administrados e dos aumentos salariais. Segundo o responsável, o banco central mantém-se firme no objectivo de aproximar o país dos padrões internacionais de estabilidade de preços.
Lesetja Kganyago explicou que os preços administrados, como os da electricidade e da água, bem como os acordos salariais plurianuais no sector público, não devem servir de justificação para atrasar a redução da meta de inflação. “Foram estabelecidos acordos salariais com duração de três anos; estes ainda terão de ser absorvidos pelo sistema, mas não se pode esperar que expirem antes de definir a nova meta”, declarou o governador.
Os preços administrados são definidos por autoridades reguladoras com base nos custos de produção e prestação de serviços, e não pelas forças do mercado. Este tipo de controlo tem impacto directo na inflação, uma vez que limita a flexibilidade dos preços e influencia o custo de vida. Ainda assim, Lesetja Kganyago defendeu que o controlo rigoroso das metas é essencial para garantir a credibilidade e previsibilidade da política monetária.
O governador tem vindo a defender, há mais de um ano, a redução da meta de inflação, argumentando que a actual faixa de 3% a 6% é pouco competitiva e desalinhada com os padrões internacionais. Afirmou que uma meta mais baixa ajudará a reduzir a incerteza económica, reforçar a confiança dos investidores e tornar a economia sul-africana mais estável e previsível no longo prazo.
Embora o ministro das Finanças, Enoch Godongwana, ainda não tenha formalmente adoptado uma meta mais baixa, o banco central indicou, em Julho, que passaria a concentrar-se na parte inferior da actual faixa. A decisão provocou críticas de alguns analistas, que acusaram o SARB de se antecipar ao Tesouro Nacional, actuando sem coordenação plena entre as instituições.
Governador do Banco de Reserva da África do Sul , Lesetja Kganyago
Lesetja Kganyago rejeitou essas críticas, afirmando que a comunicação entre o banco central e o Tesouro é sólida e baseada na confiança mútua. “O ministro das Finanças e o governador não emitiriam uma declaração conjunta nem assumiriam publicamente esta posição se não confiassem um no outro. Por isso, insisto que já existe entendimento entre as partes”, afirmou o governador.
De acordo com dados do SARB, os rendimentos das obrigações de referência do Governo sul-africano caíram entre 80 e 160 pontos base desde Abril, o que o governador do banco central considera um sinal claro de credibilidade mantida na condução da política monetária. Já a agência de notação financeira Fitch prevê que o Tesouro Nacional possa anunciar oficialmente uma meta de inflação mais baixa durante a apresentação do orçamento intercalar, a 12 de Novembro.
Uma das principais preocupações do Tesouro é o impacto que a revisão das projecções de inflação poderá ter nas previsões de receitas e despesas a médio prazo. Embora a inflação tenha registado uma evolução melhor do que o esperado em 2025, Lesetja Kganyago alertou para riscos persistentes, incluindo incertezas geopolíticas que poderão afectar a moeda nacional, o rand, e as perspectivas de inflação para 2026. A moeda sul-africana valorizou-se face ao dólar este ano, mas o governador advertiu que tais ganhos poderão ser apenas temporários.
Fonte: Reuters
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