advertisement O Executivo aprovou nesta terça-feira (14) o plano de contingência para a época chuvosa 2025-26 avaliado em 14 mil milhões de meticais (217,1 milhões de dólares). No entanto, admitiu dispor apenas de 6 mil milhões de meticais (93 milhões de dólares) da verba necessária. A época das chuvas em Moçambique começa em Outubro e prolonga-se até Abril. Neste sentido, o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, explicou que o Governo prevê três cenários, que poderão afectar pelo menos um milhão a quatro milhões de moçambicanos. “Feita a análise das previsões climáticas sazonais e a interpretação para a hidrologia, agricultura e saúde, conjugadas com a análise da vulnerabilidade e dos factores de contenção, o Governo adopta um plano de contingência que responda a um cenário de ocorrência de ventos fortes, inundações urbanas, seca, cheias e ciclones”, explicou. O plano, reconheceu Impissa, tem “um défice de oito mil milhões de medicais, que se espera ser reduzido através de outras fontes de financiamento, como sejam o seguro paramétrico, implementação de acções antecipadas à seca, cheias e ciclones e doações em espécie ou em numerário.” Segundo o responsável, “boa parte da resposta no âmbito dos desastres naturais tem estado no comportamento da população, em conjunto com a boa capacidade do País para fazer previsões, resultado dos investimentos na área da meteorologia.” “A política alterou. Agora estamos focados em investir na recuperação e não propriamente nos desastres. No que diz respeito aos desastres, o que vamos fazer é conseguir gerir o risco, mas a concentração está no restabelecimento das condições para as pessoas poderem ser mais resistentes e resilientes”, concluiu Impissa. Em Setembro, as autoridades alertaram para cheias de “grande magnitude” no País e inundações em pelo menos quatro milhões de hectares agrícolas durante a época chuvosa 2025-26. “Entre Janeiro, Fevereiro e Março, achamos que vamos ter chuvas e cheias de grande magnitude, aquilo que classificamos como um regime alto, sobretudo nas bacias de Incomáti, Maputo e Limpopo”, afirmou Agostinho Vilanculos, director nacional de Gestão de Recursos Hídricos. Segundo o responsável, as barragens de países vizinhos de Moçambique, entre os quais África do Sul e Essuatíni, estão a 99% do nível de armazenamento e, por isso, com pouca capacidade de encaixe, situação que obrigará ao escoamento e consequentes inundações no País. Já o Banco de Moçambique (BdM) apontou que as cheias previstas para o primeiro trimestre de 2026 vão causar impactos negativos na economia, nomeadamente no fornecimento de alimentos, um dos factores que poderão condicionar as perspectivas de crescimento. “Para 2026, foram identificados três principais pressupostos internos, como a manutenção da elevada pressão sobre o Orçamento do Estado, a reposição gradual da capacidade produtiva e de oferta de bens e serviços e a previsão de cheias no País”, avança a instituição financeira no Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação. Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre anualmente entre Outubro e Abril. Só entre Dezembro e Março últimos, na última época ciclónica, Moçambique foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, o primeiro e mais grave, no final de 2024. O número de ciclones que atingem o País “tem vindo a aumentar na última década”, bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de Moçambique, divulgado em Março. Os eventos extremos provocaram pelo menos 1016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afectando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.advertisement