A transformação digital de África já não é uma visão distante — está a acontecer em tempo real. Da tecnologia financeira à fibra óptica, da Inteligência Artificial (IA) à infra-estrutura em nuvem, o continente está a acelerar a sua economia digital com avanços impressionantes e resultados tangíveis.

Embora o caminho continue irregular, os investimentos recentes e as reformas políticas sugerem que o continente está pronto para um salto digital.

Importância económica crescente

A economia digital de África está a expandir-se rapidamente, aumentando a sua participação no PIB de meros 1,1% em 2012 para uma estimativa de 5,2% até ao final de 2025. Até 2050, este número deverá atingir 8,5%, reflectindo a crescente integração digital em sectores como a agricultura, a saúde, a educação e o comércio.

O ecossistema financeiro está a desempenhar um papel fundamental. Países como o Quénia, a Nigéria e a África do Sul tornaram-se centros globais de tecnologia financeira, com plataformas de dinheiro móvel e bancos digitais a transformar o acesso ao financiamento, especialmente em comunidades carenciadas.

Investimento em infra-estruturas ganha impulso

Uma revolução digital não pode prosperar sem infra-estruturas físicas. Estão a ser alcançados marcos significativos neste domínio. A Corporação Financeira Internacional (IFC) do Banco Mundial comprometeu-se recentemente a investir 100 milhões de dólares para apoiar o Raxio Group na implantação de centros de dados em seis países africanos. Esta medida não só reforça a capacidade local de nuvem, como também promove a soberania dos dados — uma questão cada vez mais vital no panorama geopolítico actual.

Da mesma forma, a decisão da Visa de abrir o seu primeiro centro de dados africano em Joanesburgo, como parte de um plano de investimento mais amplo de 1 bilião de dólares, é um forte voto de confiança no futuro digital do continente. Estes desenvolvimentos melhoram a velocidade de processamento de dados, reduzem a latência e, em última análise, aprimoram a prestação de serviços digitais.

Desafios de acesso à Internet

A África Subsaariana registou um aumento impressionante de 115% no número de utilizadores da Internet entre 2016 e 2021. No entanto, apenas 37% da população estava online em 2023, muito abaixo da média global de 67%. Esta exclusão digital sublinha a necessidade de uma implantação equitativa de infra-estruturas e de esforços de inclusão direccionados.

Para resolver esta questão, os Estados Unidos estabeleceram uma parceria com nações africanas através da Parceria para o Acesso Digital em África e da Aliança MADE. O objectivo é duplicar o acesso à Internet de 40% para 80% até 2030. Os países-piloto iniciais incluem Quénia, Nigéria e Tanzânia.

IA e ecossistemas de inovação em ascensão

Os países africanos estão a começar a integrar a Inteligência Artificial nas suas estratégias de desenvolvimento nacional. Quénia, Gana, África do Sul e Nigéria estão a investir em centros de inovação, investigação em IA e quadros regulamentares. Estes ecossistemas não só estão a fomentar o talento, como também a posicionar as soluções africanas no cenário global.

É importante ressaltar que a preparação regulatória de África é mais forte do que muitos supõem. A pontuação do continente em governança da transformação digital está em pé de igualdade com a Europa em capacidade regulatória (71%), sinalizando estruturas institucionais robustas que podem apoiar a inovação.

Perspectivas e oportunidades de mercado

O mercado de transformação digital de África está avaliado em 30,24 biliões de dólares em 2025, com expectativa de mais que dobrar para 63,31 biliões de dólares até 2030. A computação em nuvem de ponta lidera actualmente com uma quota de mercado de 24,6%, enquanto a Inteligência Artificial está prestes a experimentar o crescimento mais rápido.

Startups, bancos de desenvolvimento e gigantes globais da tecnologia estão a investir cada vez mais neste ecossistema. A população jovem e experiente em tecnologia do continente e a crescente penetração dos smartphones oferecem um terreno fértil para soluções digitais escaláveis — desde a tecnologia agrícola ao e-learning.

Apesar dos desafios persistentes — como acesso desigual à Internet, conectividade rural limitada e alto custo dos dispositivos —, África está a provar que pode construir um futuro digital nos seus próprios termos. Com a combinação certa de parcerias público-privadas, visão regulatória e inovação inclusiva, o continente tem o potencial não só de colmatar a exclusão digital, como também de liderar a construção de um mundo mais conectado, inteligente e inclusivo.

Fonte: Further Africa

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