Empresários moçambicanos apelaram a uma preparação sólida e célere do sector privado nacional para garantir a participação efectiva nos contratos de fornecimento de serviços ao novo megaprojecto de gás Coral Norte, que prevê atribuições no valor acumulado de 3 mil milhões de dólares (191,9 mil milhões de meticais) ao longo dos próximos 30 anos, segundo informou a Lusa. A Confederação das Associações Económicas (CTA), organismo que congrega o sector privado nacional, saudou a Decisão Final de Investimento (FID) do Coral Norte, considerando-a um sinal de confiança renovada dos investidores internacionais e uma oportunidade decisiva para dinamizar a economia, sobretudo na província de Cabo Delgado. A organização estima que cerca de 100 mil pessoas serão directamente beneficiadas pela actividade económica, geração de emprego e fortalecimento das cadeias produtivas locais associadas ao projecto. A FID foi formalmente assinada a 2 de Outubro, em Maputo, pelos parceiros da Área 4 da bacia do Rovuma — nomeadamente a Eni, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), a CNPC, a Kogas e a XRG — e prevê um investimento total de 7,2 mil milhões de dólares (aproximadamente 460,4 mil milhões de meticais). Este novo empreendimento, gémeo do Coral Sul já em operação desde 2022, permitirá duplicar a produção nacional de gás natural para 7 milhões de toneladas por ano a partir de 2028. Durante a cerimónia, o Presidente da República, Daniel Chapo, exortou as empresas moçambicanas a posicionarem-se estrategicamente para aproveitar os 800 milhões de dólares (51,2 mil milhões de meticais) que serão reservados em contratos para firmas nacionais nos primeiros seis anos do projecto, montante que poderá escalar até aos referidos 3 mil milhões de dólares ao longo de toda a duração da plataforma flutuante Coral Norte. A CTA assinala que este investimento ocorre num momento crucial para Moçambique, quando o País procura consolidar a retoma económica, após os impactos negativos das manifestações pós-eleitorais e a destruição de infra-estruturas. A organização reafirmou o seu compromisso em colaborar com o Governo e com o consórcio do projecto, promovendo a integração das micro, pequenas e médias empresas nas cadeias globais de fornecimento. Por seu turno, Claudio Descalzi, director-executivo da Eni, garantiu que a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) no âmbito do Coral Norte terá início dentro de três anos, consolidando a posição de Moçambique como o terceiro maior produtor africano deste recurso energético. Com três megaprojectos de gás aprovados na bacia do Rovuma — incluindo os da TotalEnergies e da ExxonMobil —, o País avança no caminho para se afirmar como um actor estratégico na segurança energética global, sustentado por reservas classificadas entre as maiores do mundo.