
Douro? Para a próxima vindima as “perspetivas são ainda mais negras”
Os produtores durienses começaram a concentrar-se pelas 09:30 junto à estação da Régua, empunhando cartazes onde se podia ler “Nós fizemos o património”, “Viticultores do Douro exigem ao Governo tratamento igual à TAP e ao BES”, “Revistar mostos e vinhos oriundos fora da região” e “Vinhos do Douro só com uvas do Douro”.
Alguns trazem vestidas camisolas negra e até há quem carregue um pulverizador às costas, usado para fazer os tratamentos nas vinhas.
“Queremos fazer ouvir muito elevado a voz dos viticultores e das suas principais reivindicações, nomeadamente aquelas que se destinam a resolver de uma forma estrutural a crise que está instalada na Região Demarcada do Douro, nomeadamente a proibição da compra de uvas inferior dos custos de produção”, afirmou à dependência Lusa Vítor Rodrigues, dirigente da Confederação Pátrio da Lavoura (CNA).
Os agricultores, segundo o responsável, “rejeitam também novos cortes no mercê”, ou seja, a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto.
“Cada incisão no mercê significa mais uma machadada no rendimento dos agricultores”, realçou Vitor Rodrigues.
O mercê foi de 90.000 pipas (550 litros cada) em 2024 e 104.000 em 2023 e, para leste ano, o negócio propôs, no seio do recomendação interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) uma redução para as 68.000 pipas.
Para o dirigente da CNA, promotora da revelação, “no fundamental, o que está cá em pretexto é a viabilidade e o horizonte desta região para a qual o trabalho dos pequenos e médios viticultores é importante”.
E, na sua opinião, para a próxima vindima as “perspetivas são ainda mais negras”.
Os durienses temem uma terceira vindima consecutiva com dificuldades em escoar as uvas ou a sua venda a preços baixos, com alguns a já terem recebido cartas a cancelar encomendas de uvas para leste ano.
Para enfrentar a crise, os produtores defendem medidas porquê escoamento e preços justos para as uvas, a proibição da compra de uvas inferior dos custos de produção, uma prioridade à cachaça regional na produção de vinho do Porto, mais fiscalização na ingressão de mostos e vinhos oriundos de fora da região e a compra, pelo Estado, de ‘stocks’ excedentários das adegas cooperativas e atribuição à Mansão do Douro de uma capacidade “permitido e operacional” para estabilização dos ‘stocks’.
O Ministério da Lavoura e Mar garantiu hoje que está a preparar soluções estruturais para “asseverar a sustentabilidade económica, social e ambiental” da Região Demarcada do Douro, que serão dirigidas “sobretudo aos pequenos produtores”.
“Já é um sinal positivo ele proferir que vai ter medidas para a região, porque até hoje o que nós tivemos da sua segmento foi um ensurdecer silêncio, pelo menos em resposta às solicitações que a CNA tem feito para indagar leste e outros problemas. Agora vamos ver se essas medidas são, de facto, aquelas que são necessárias, e só vamos permanecer a saber quando abrirmos o melão, quando forem anunciadas”, salientou Vítor Rodrigues.
Os manifestantes são percorrer a rua onde se encontra a sede da Mansão do Douro e do IVDP até à rotunda Doutor João Araújo Correia, onde termina o protesto.
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