
Trabalhadores da dona da Visão em greve até pagarem salários em demora
Os trabalhadores da Trust in News (TiN), dona da revista Visão, entre outros títulos, aprovaram hoje, em plenário, greve por tempo indeterminado até serem pagos os salários em demora, disseram à Lusa os delegados sindicais.
A greve tinha sido admitida em 30 de maio pelos trabalhadores, caso os restantes 20% do salário de abril, o de maio e o subvenção de repasto não fossem pagos até hoje.
Também estão por remunerar alguns subsídios de férias, adiantaram as mesmas fontes.
O plenário foi convocado pelos delegados sindicais da Visão, no qual participaram 59 pessoas e a greve por tempo indeterminado foi aprovada por 47.
A Trust in News tem muro de 90 trabalhadores.
Ainda não foi avançada uma data para o início da greve, mas esta abrangerá todos os trabalhadores da TiN.
Contactado pela Lusa, o acionista da TiN, Luís Fino, escusou-se a fazer comentários.
O gestor de insolvência, André Pais, disse à Lusa que a decisão da greve já lhe tinha sido comunicada, sendo esta um recta dos trabalhadores, garantindo que estão a ser feitos “os possíveis” para se regularizar os pagamentos.
“Havendo condições para executar” o pagamento, tal será “cumprido”, acrescentou.
O projecto de insolvência da TiN foi ratificado por 77% dos credores, com 23% contra, faltando agora a homologação pela juíza.
O projecto da TiN, que detém publicações uma vez que a Visão e a Fiscalização, prevê a injeção de até 1,5 milhões de euros pelo acionista único, Luís Fino.
O projecto mantém ainda a intenção de suspender, licenciar ou vender publicações deficitárias uma vez que TV Mais, Telenovelas, Caras Decoração, Prima, Visão Saúde, Visão Surf e This is Portugal, sendo que, “com exceção da Telenovelas, todas as outras publicações já estão suspensas”.
Prevê ainda um ajuste na periodicidade, se necessário, de algumas revistas, mantendo exclusivamente as mais rentáveis, além da redução de 70% do espaço físico (50% já foi reduzido) e o fecho da delegação no Porto.
Será ainda reduzido o quadro de funcionários, proporcional à suspensão de publicações, com reorganização interna.
Quanto ao pagamento das dívidas proposto, será faseado, no caso da AT e ISS em 150 prestações, além de um “projecto de pagamento de 12 a 15 anos para credores comuns e garantidos” e da “possibilidade de permuta de publicidade para pagamento de secção das dívidas”, segundo o projecto.
Para aumentar receitas, o projecto prevê o “aumento de assinaturas digitais e melhoria da plataforma de ‘e-commerce’, parcerias estratégicas com outros grupos editoriais”, a “exploração de novos formatos de teor, uma vez que ‘podcasts’ e vídeos”, e o “licenciamento de marcas para gerar receita suplementar”.
Quanto ao impacto desta reorganização, a empresa aponta uma “melhoria gradual da rentabilidade, com um retorno a resultados positivos esperado a médio prazo”, evitando a liquidação da empresa e “preservando postos de trabalho e ativos”.
Ficará, segundo o projecto, ajustado “o padrão de negócio para um formato mais sustentável, desempenado às tendências digitais”, garantindo ainda o “pagamento aos credores, comparativamente a um cenário de liquidação, onde muitos não receberiam os seus créditos”.
O projecto prevê também a “geração imediata de uma ‘task force’ com dois diretores editoriais, diretora mercantil, diretora financeira e diretor de recursos humanos, com a tarefa de reanalisar todos os custos e contratos passíveis de serem renegociados ou cessados, sem qualquer penalização para a empresa, e apresentar medidas e sugestões para aumentar as receitas, tendo em conta os recursos existentes” e os melhores exemplos nacionais e internacionais. As sugestões deste órgão “serão implementadas posteriormente aprovação da gerência e do gestor da insolvência”.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de informação social, em papel e plataformas digitais.
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