
Manhiça Cobra Electrificação Após Venda da ECOBOM Por 600 Mil Dólares • Diário Económico
Cerca de 500 famílias residentes no posto administrativo de Maluana, distrito da Manhiça, província de Maputo, exigem o cumprimento de uma promessa de electrificação comunitária feita há mais de uma década pela empresa ECOBOM, antiga proprietária de uma unidade de engarrafamento de água mineral instalada na região.
A insatisfação ganhou novo fôlego após a venda da unidade fabril, em hasta pública, à empresa Refrigerantes Spar, por um valor de 600 mil dólares (38,4 milhões de meticais), conforme decisão validada pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, em 2022.
A promessa de acesso à energia fora formalizada em 2014, quando a ECOBOM se comprometeu a facilitar a extensão da rede eléctrica à comunidade local, como parte das obrigações de responsabilidade social ligadas à instalação da fábrica. No entanto, tal compromisso nunca se materializou, e os moradores continuam a viver sem energia eléctrica.
“Levaram-nos a terra, prometeram luz e até hoje vivemos às escuras. As nossas crianças crescem sem saber o que é electricidade”, lamenta Rolecha Baloi, moradora de Maluana. As zonas de Chirinza e Dliwana são algumas das mais afectadas.
Com a transferência de propriedade, a Refrigerantes Spar alega não ter herdado as obrigações sociais da ECOBOM. “O contrato de aquisição é claro: as responsabilidades sociais são da empresa anterior”, afirmou Sulemane Padamo, administrador executivo da nova entidade proprietária.
Ainda assim, a Refrigerantes Spar disponibilizou alguns materiais, como postes e um posto de transformação, entregues à Electricidade de Moçambique (EDM). Esta empresa pública confirmou a recepção do equipamento, mas condicionou a electrificação ao pagamento de um valor estimado em 6,9 milhões de meticais.
Apesar da sinalização positiva, não há ainda prazos definidos para a concretização do projecto. “Fomos à EDM, mas até hoje não temos datas. A comunidade está cansada e exige uma resposta em 45 dias”, declarou Flávio Nhambi, outro residente da localidade.
Enquanto persistem as indefinições entre empresas e instituições, a população de Maluana continua a viver sem electricidade, aguardando que uma promessa feita há mais de dez anos, agora reacendida por uma venda milionária, se converta finalmente em realidade.
Fonte: O País